Por uma educação proletária

Por Emídio Quaresma (*)

Aos esfarrapados deste mundo e aos que neles se descobrem e, assim descobrindo-se, com eles sofrem, mas, sobretudo, com eles lutam.
No capitalismo, a educação serve aos interesses do capital, do lucro, do mercado. Essa educação endeusada pela mídia. Ideologizada como se não tivesse nenhuma outra maneira de se fazer educação e, a classe pobre, que é a maioria, é convencida disso. A educação é organizada segundo os interesses da burguesia, isto porque dentro das lutas de classes essa burguesia está no comando da sociedade como classe dominante. A classe proletária é educada de acordo com a ideologia dominante dentro da instituição burguesa em que os conteúdos se tornam alienantes e desinteressantes para os estudantes. A função da educação é a de reprodução das desigualdades sociais. Pela reprodução cultural, ela contribui especificamente para a reprodução social. E a educação longe de ser um fator de superação das desigualdades e marginalidade, constitui em um elemento de reforço da mesma, ou seja, reproduzir as relações de exploração capitalista.
Aparentemente a escola se apresenta como sendo única, universal, oferecendo oportunidade para todos. Essas aparências se alicerçam na ideologia burguesa. Não se questiona mais educação é esse porcaria e pronto, está acabado. Não tem outra ideologia? A escola serve aos interesses do capital, do lucro, do mercado, que é os empresários, os burgueses. Mas a análise sociológica estabelece que é a sociedade que determina de que modo seus integrantes necessitam e participam do modo de produção, isto é, a correlação de forças entre a classe dominante e a classe dominada, atualmente burguesia e a classe proletária, através das lutas de classes. A classe proletária é marginalizada socialmente porque não possui a força material (econômica) e marginalizada culturalmente porque não possui a força simbólica (cultural). A escola tem por missão impedir o desenvolvimento da ideologia do proletário e a luta revolucionaria. Assim, a classe dominante consegue seu objetivo educacional, que é manter e firmar a criança, o adolescente, o jovem, e o adulto alienados e submissos ao modo de produção capitalista.
A educação da burguesia, que é a que vigora em nossas escolas atualmente, é bancária – narradora, dissertadora de conteúdos alienantes , domesticadora, fala da realidade de forma alienante e reprodutora da ideologia dominante, dissertando sobre algo completamente alheio à experiência existencial do educando; seus pressupostos são instrumentos de opressão, pois é inibidora do poder criador do educando é todo voltada para o lucro. As faculdades e as universidades, enfim tudo que diz respeito ao sistema de ensino, têm o mesmo objetivo da educação institucionalizada burguesa: servir aos interesses de exploração capitalista. Os instrumentos de propagação dessa ideologia são a voz do professor e suas mãos para escrever entre quatro paredes e um amontoado de carteiras e seres humanos. Completando esse cenário de adestramento, temos as divisões das aulas em quarenta e cinco minutos. O aluno se torna impotente e derrotado diante de uma avalanche de informações (conteúdo ou matéria) que na sua totalidade são inúteis e alienantes. (não lê o mundo numa perspectiva de liberdade e igualdade social) Os professores são alienados, disseminando a educação bancária da burguesia, ou seja, a ideologia burguesa.
Essa estrutura da escola burguesa é que faz um diálogo falso que não é dialogo e sim monólogo da ditadura, do imperialismo em uma só palavra, capitalismo. Educação como prática de dominação, essa é a práxis burguesa. Quaisquer que sejam as possibilidades de liberdade, elas não poderão se concretizar continuarmos a pressupor que o mundo aprovado pela sociedade seja o único que existe. A nossa educação nas redes de ensino publica e privada é organizada e dirigida pela classe burguesa, daí os seus objetivos voltados inteiramente para o lucro no sistema capitalista. Os conhecimentos ensinados nas escolas têm um enfoque voltado exclusivamente para o mercado capitalista, ao status quo, ficando o professor na posição de mero difusor de conhecimentos. Essa escola, onde estiver, tem uma estrutura adequada para o adestramento dos alunos, ela faz parte da engrenagem das instituições burguesas e, como não poderia ser, os seus funcionários em sua grande maioria são dominados, são escravos do sistema capitalista e de sua ideologia, seja numa escolinha do interior, ou seja, em grandes escola nas capitais, os fins são os mesmos.
A burguesia propagandeia na sua mídia que a sua educação é a solução para os pobres “subirem na vida“. Isto é uma mentira; se fosse verdade não teríamos tantos pobres na sociedade. Outra mentira são as provas que eles passam para avaliar a sua educação, enganando o povo- ENEM, PROUNI, OBMEP, feira da ciência, feira da cultura; é tudo voltado para o capitalismo, para a alienação, para a ideologia burguesa, para o mercado, para o lucro; em uma só palavra, para a barbárie. É tudo engodo, não melhora em nada a vida dos mais de 170 milhões de pobres; nós sabemos que essa educação é ideológica e serve para manter o proletariado subjugado, escravizado, lascado e massacrado no sistema capitalista, cujo modelo econômico atual é o neoliberalismo cuja ideologia fatalista e imobilizante apregoa que não existe mais o socialismo e que a fome e a miséria de milhões de brasileiros são uma fatalidade ou algo normal. Qual é a nossa realidade? São adolescentes e jovens assassinados pela policia, pelo banditismo ou jogados nas prisões. VESTIBULAR é a desgraça da educação, é a guerra do vestibular Censo escola, PDE, PDDE, FUNDEB é tudo engodo, enganação! Isso não melhora a educação, esses fundos só servem para roubalheiras de prefeitos e governadores. Terceirização: é mais uma desgraça na educação, além de ser fruto da ideologia neoliberal tal qual a municipalização.
A dominação econômica do neoliberalismo, que é a violência material exercida pelos ricos sobre os pobres, alimenta a dominação cultural, isto é, a violência simbólica. A violência material e a violência simbólica são reproduzidas na escola: Violência material é a dominação econômica e política exercida pela burguesia sobre o povo. Violência simbólica é a dominação da classe rica feita sobre a classe pobre através da cultura, da formação da opinião pública feita pelos meios de comunicação burguês, pregação religiosa, atividades artísticas, literárias e educacionais, propaganda e moda, educação familiar, etc. O sistema de ensino, a educação familiar, a arte, a literatura, a religião, a propaganda, a moda, a opinião pública, construída por jornal, revista, rádio, televisão, internet, etc. são expressões da violência simbólica. Dessa maneira, a violência econômica sustenta a violência cultural. Que reproduz a ideologia burguesa.
Há total ignorância do povo em relação às leis que regem as nossas vidas em conseqüências disso temos um Brasil cheio de injustiça… Justiça para os que podem comprar a justiça e injustiça e opressão para os pobres e miseráveis. O que falta é uma educação libertária… Nada causa mais horror a ordem burguesa do que homens e mulheres que sonham e organizam sonhos lutando. “Não imponham aquilo que eu não quero não me ditem, palavras que eu não escuto, não me peçam pra falar que eu me calo, não me mandem sorrir que eu estou de luto”. O que os meios de comunicação exaltam é o egoísmo, o individualismo é ser gênio para passar em concursos e vestibulares. Ter sucesso, ter um padrão de vida bom, com muito dinheiro, conforto e segurança, ser egoísta é isso que as nossas escolas ensinam e difundem reproduzindo a ideologia da classe dominante. Deus criou o mundo para nós vivermos dessa forma? E o amor, a solidariedade, a união, o fazermos em coletividade, os vizinhos, o construirmos em mutirão… O que devemos aprender é os nossos direitos, porque só os ricos é que vivem bem, em conforto e a maioria vive desempregada, ganha mal, sem água tratada esgoto e moradia de péssima qualidade, vive com medo, assaltos, roubos, estupros etc. porque somos explorados pelos ricos, que compram e pagam mal pela nossa força de trabalho. Falta nestas escolas, consciência de classe, não se sabe nem o que é proletário. Nós temos outro projeto político diferente do capitalismo; esse projeto é o socialismo.
O diálogo da escola burguesa da educação bancária é uma farsa, os lutadores revolucionários é que fazem a diferença na luta de classes, desde o seu local de trabalho. Nessa dissertação, a palavra se esvazia da dimensão concreta que deveria ter. Daí que nem deveria ser pronunciada. A práxis da burguesia é antagônica à práxis revolucionária do proletário socialista. Mas existe outro modo de se fazer educação. Diálogo crítico e libertador, essa é a educação proletária que cria vida em abundância. A luta de classes requer o uso da única ferramenta que o socialismo-marxista para derrotar a corja burguesa e seu Estado e implantar o Estado Proletário. Cabe aos lutadores subverter essa situação de barbárie e fazer do seu ambiente de trabalho um campo de luta para transformar e libertar do jugo da burguesia. E isso não é fácil, pois a classe empresarial tem total controle sobre a educação alem do que o trabalhador em educação tem que ter a consciência e o compromisso com a classe proletária e a teoria revolucionária marxista que se encontra nos partidos revolucionários de esquerda. Uma outra escola só pode nascer se essa velha escola for destruída juntamente com a classe dominante, a burguesia.

(*) Emídio Quaresma é trabalhador em educação da SEDUC em Ananindeua- PA, militante cristão e socialista.

Uma resposta para “”

  1. Realmente o sistema da classe do dominante e isso nos ver como pequenas formigas.nos esmagam aos pouco com suas mentiras.

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