O escândalo na Alepa e o estranho silêncio de importantes instituições do Estado

José Emílio Almeida(*)

A atual denúncia de desvios de recursos milionários envolvendo ex-deputados e servidores comissionados da Assembleia Legislativa do Estado do Pará, já é conhecida no Brasil inteiro como um dos maiores esquemas de corrupção e favorecimento praticado por órgão público no país.

Toda a imprensa nacional tem dado cobertura para esse escândalo que, a cada dia que passa, aumenta ainda mais o sentimento de indignação no cidadão paraense. Revolta que tem sido acentuada pelos próprios deputados, que se recusam a instalar a CPI, proposta pelo deputado Edmílson Rodrigues do PSOL, para investigar e punir os envolvidos.

Só nos primeiros trinta dias de investigação, o Ministério Público Estadual (MPE) já comprovou a existência de funcionários fantasmas, pagamento de vantagens indevidas, laranjas na folha de pagamento e sonegação de imposto de renda de pessoa física e contribuição previdenciária, crimes que sangravam em, pelo menos, um milhão de reais por mês, os cofres da Alepa.

Grande parte da sociedade, organizada em sindicatos e associações, estudantes e movimento popular, tem demonstrado publicamente suas indignações. Até a calçada da Alepa foi lavada, simbolizando a limpeza da Casa parlamentar.

No entanto, tem me chamado a atenção a ausência de manifestação de algumas instituições locais. Entre elas o governo do Estado, o Tribunal de Contas do Estado e o Tribunal de Justiça do Estado.

Ainda não vi, também, nenhuma nota de repúdio produzida por entidades representativas de importantes setores da sociedade, como a Federação das Indústrias do Pará (FIEPA) e a Câmara de Diretores Logistas (CDL).

Por que estas instituições estão caladas? Por que até agora não se manifestaram? O que as impede de reagir?

José Emílio Almeida
Presidente da Associação dos Concursados do Pará (Asconpa)

Deixe uma resposta