Dilma e o “Tratado da Cachaça”

[Inácio Guilherme da Silva Leite]

Dilma Rousseff deixou o ex- Presidente Lula com muita inveja. A Presidenta ganhará o título distintivo de Melhor Amiga da Cachaça. Mesmo que não tome um gole sequer ou se resolver tomar todas. Ela assinou ontem, em Washington, com o Presidente Barack Obama, um acordo bilateral com os EUA para o reconhecimento da cachaça como produto tipicamente brasileiro. É a soberania do goró.
O Brasil produz cerca de 1,3 bilhão de litros de cachaça por ano. Mas só exporta 1% da produção nacional. Os maiores compradores da nossa cachaça prime são Alemanha e Inglaterra. As exportações para os EUA são insignificantes. Até o acordo, nosso produto genuinamente nacional só entrava lá classificado como “rum”. Uma injustiça com a cachaça de alta qualidade produzida pelos 30 mil produtores brasileiros – a maioria em pequenos alambiques – que ostentam cerca de 5 mil marcas de caninha.
Quem gosta no mundo, uni-vos para bebemorar! O governo brasileiro mostrou “Atitude” (famosa marca de cachaça mineira). Dilma tomou uma correta “Providência” (outra marca mineira). Há cerca de 40 anos que o “Tratado da Cachaça” fazia parte de tentativas de acordos entre Brasil e EUA.
Agora que os EUA nos abriram o mercado para a matéria-prima da caipirinha, governo do Brasil fica à vontade para lhes dar uma contrapartida justa. Tio Sam compra nosso líquido ouro branquinho, e nós também facilitamos a exploração do ouro negro do pré-sal para as petrolíferas deles. Funcionando como garoto propaganda da Oligarquia Financeira Transnacional, que domina o setor de óleo & gás, Obama pediu a Dilma mais facilidades para as petroleiras norte-americanas trabalharem no Brasil.
Moral de um encontro sem maior importância prática: os norte-americanos tomam a nossa cachaça e tomarão ainda mais o nosso petróleo. E a gente vai tomando…

Inácio Guilherme da Silva Leite
Assistente em Ciência e Tecnologia
Belém

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