Ilha de Cotijuba pode se tornar Área de Proteção Ambiental

Antigo sonho da população da ilha está perto de se tornar realidade. Já está sendo elaborada a minuta de projeto de lei para a criação da APA. Para isto, está sendo realizado um amplo estudo na área. Foto: arquivo Ponto de Pauta

Por Alexandra Cavalcanti, publicado originalmente no Diário do Pará

Com uma área de 60 quilômetros quadrados, Cotijuba deve ser uma das primeiras de um total de 29 ilhas próximas à Belém previstas para se tornarem Área de Proteção Ambiental (APA) efetivamente. Esse é um antigo sonho da população local, cultivado desde a década de 1990, quando a ilha passou a ter status de APA sem, no entanto, concretizar todos os trâmites necessários para isso. Mas agora esse desejo parece estar mais próximo. A Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma) está elaborando a minuta de um projeto de lei para a criação da APA Cotijuba. O engenheiro florestal da Semma Alexandre Mesquita explica que o projeto, que abrange outras ilhas próximas de Belém, tem objetivos bem concretos. “Queremos garantir a conservação e a preservação dessas cerca de 29 ilhas da capital”, ressaltou.

Para isso vem sendo realizado um estudo amplo de toda essa área insular e dos benefícios que essa preservação pode trazer, não apenas em termos ambientais, mas também à população que vive nessas ilhas. “Além de preservar a biodiversidade riquíssima, conseguiremos conter de forma mais efetiva as ações de desmatamento, essencial para prevenir a lixiviação e manter os campos naturais”, afirma.

Mesquita destaca que atualmente o projeto se encontra na fase de criação do plano de manejo e do macrozoneamento. “Também demos início às conversas junto aos moradores da ilha para que seja formado o conselho que vai atuar conjuntamente com a secretaria nesse projeto”, explica. A próxima fase, segundo ele, já se refere à finalização. “Com a aprovação da população o projeto será repassado para o Prefeito de Belém para que se torne decreto”, afirma.

Ilha tem cerca de 8 mil habitantes e é um dos principais pontos turísticos de Belém

Com uma população de aproximadamente oito mil habitantes, Cotijuba é hoje um dos principais pontos de visitação de turistas em Belém, especialmente por conta da proximidade com a capital, já que a travessia para a ilha saindo do porto de Icoaraci dura cerca de 30 minutos. Para o sociólogo e ambientalista, Marco Barros, que mora e atua efetivamente para a preservação da ilha, por conta do cenário ambiental atual do país – com aumento das questões relacionadas ao desmatamento e às queimadas – é essencial poder proteger as áreas onde o meio ambiente ainda se encontra pouco degradado. “A Amazônia vive um momento difícil na questão da preservação da floresta. O potencial dessa fauna e flora em pé é muito mais rico pela biodiversidade, na questão do turismo e na questão do equilíbrio dos mananciais hídricos. Então, conter essa devastação é uma contribuição que nós, como cidadãos da Amazônia, estaremos dando para o mundo”, avalia.

Ele destaca que 65% da porção territorial de Belém está nas ilhas e Cotijuba é a terceira maior delas, e que grande parte dessa área acabou sendo afetada diretamente por anos de abandono, colaborando para a aceleração da degradação ambiental.

O sociólogo e ambientalista acredita que os ganhos para a ilha ao se tornar uma APA serão inúmeros. “Primeiro porque ela passará a se enquadrar na política nacional de área de proteção ambiental. Com isso, a gente cria uma nova perspectiva de desenvolvimento sustentável, de desenvolvimento ecológico, pautado no turismo”, diz. Para ele, será ainda a oportunidade de pôr fim a uma prática criminosa que vem ocorrendo sistematicamente na ilha. “Está havendo um desmatamento criminoso em uma área de Cotijuba para uso comercial e venda de madeira fora daqui. Em Icoaraci se recebe essa madeira que vai daqui, de forma completamente ilegal”, denuncia. Marco explica que a grande parte da população está participando de forma efetiva no projeto de criação da APA Cotijuba. “No dia 13 de agosto estamos chamando o primeiro Fórum Ecotijuba, que é um movimento do qual faço parte juntamente com várias lideranças daqui da ilha e de fora. Nosso objetivo é dar a nossa contribuição, enquanto sociedade civil, para que o poder público saiba que apoiamos esse projeto”, frisa.

Um paraíso com histórias pra contar

A Ilha de Cotijuba é composta por 20 km de praia, entre as principais, Marco Barra destaca a “Praia do Farol, a Praia do Amor, a Praia da Saudade, a Praia do Professor, a Praia Funda, a Flecheira e a Vai Quem Quer. Mas também temos outras áreas de muita beleza como o Seringal, um dos lugares junto à Pedra Branca, que tem uma área de floresta maravilhosa”, afirma.

O sociólogo destaca ainda o Porto Antônio Tavernard, as ruínas do reformatório de Cotijuba, que abrigou crianças na década de 1940 e existiu até 1968. “Nesse reformatório também teve um presídio, que é uma marca muito forte na ilha”, conta.

Ele cita ainda outros lugares históricos como a Casa do Governador. “No ano de 1953, o governador Zacarias de Assunção fez uma casa aqui. Já o reformatório foi feito pelo Magalhães Barata, em 1932 e foi batizado de Centro Reformatório de Cotijuba. Só depois virou o Educandário”, cita.

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