A Universidade Federal do Pará (UFPA) atualmente enfrenta dificuldades que colocam em risco o seu funcionamento, assim como outras 16 instituições que foram apontadas por recente levantamento do Globo. Segundo o portal, as universidades correm o risco de interromperem suas atividades até o fim do ano, por conta dos cortes do orçamento em 2022. Entre as instituições em risco constam a Universidade do Rio de Janeiro (UFRJ) e de Juiz de Fora (UFJF), nas quais, assim como na universidade paraense, está faltando verba para pagar contas básicas como água e luz.
“Não há mais o que cortar, o que reduzir de despesas”, informou a UFPA ao Globo. Outra universidade paraense, a Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), disse que “já foram realizados todos os ajustes internos possíveis”. A Unifesspa relatou à reportagem que em 2022, as atividades da instituição estão sendo realizadas com o segundo menor orçamento de sua história.
As universidades recebem recursos discricionários e obrigatórios. Neste ano, mais de R$ 400 milhões foram cortados em recursos discricionários. Os obrigatórios são usados para o pagamento de salários, enquanto os discricionários arcam (ou arcavam) com as outras obrigações. Antes, os discricionários poderiam ser usados em outras áreas, hoje só têm sido direcionados para as contas básicas como água, luz, limpeza, segurança e manutenção predial, além das bolsas, auxílio estudantil, equipamentos e insumos.
O reitor da UFPA, Emmanuel Tourinho, disse à Mídia Ninja que as universidades têm sido perseguidas pelo governo Bolsonaro, por causa de sua disposição em denunciar e opor-se às injustiças sociais:
“Por isso (capacidade de mobilização social), temos sido muito perseguidos, inclusive com os cortes orçamentários que tentam inviabilizar o nosso trabalho cotidiano, mas as universidades perseveram, resistem e acolhem as populações, os movimentos sociais”.
Tourinho disse ainda que as universidades inseridas no bioma amazônico, são importantes para garantir que a floresta fique de pé, com seus povos e suas culturas.
“O que nós vemos hoje é um projeto de nação sem ciência, sem conhecimento, sem educação, sem cidadania para todas as pessoas, e as universidades trabalham num projeto completamente diferente disso, as universidades são parte de um projeto civilizatório com inclusão, respeito aos direitos de todas as pessoas, com apropriação do conhecimento na educação e na ciência para criar condições de vida para toda a população”, afirmou ele, acrescentando: “Somos instituições que hoje resistem à cultura da barbárie”.
Com informações de Mídia Ninja. Edição Ju Abe.