Mito derrubado

por Luiz Araújo (*)

O IBGE disponibilizou uma tabela que destrói um dos mitos mais badalados pela imprensa nacional e que, de tanto ser repetido, ficou enraizado no discurso dos políticos e de muitos acadêmicos.

Trata-se da seguinte assertiva: a maioria dos estudantes das universidades públicas é filho de rico ou da classe média. E os pobres estão nas escolas particulares.
A PNAD 2009 confirma em todos os seus números que o acesso a educação superior ainda é algo desigual, sendo clara a primazia de quem possui uma maior renda. A não universalização do ensino e o peso das instituições privadas na oferta de vagas explicam parcialmente este fenômeno.

Porém, uma tabela produzida pelo IBGE não despertou interesse de nossa tão zelosa imprensa nacional. É a de número 2.14. O que esta tabela demonstra?

1. Que realmente são os estratos mais ricos que conseguem ingressar no ensino superior do Brasil. Isso quer dizer que 53% dos alunos universitários fazem parte do 5º quinto da população (mais ricos).

2. Entretanto, os mais ricos estão quase que igualmente distribuídos entre a rede pública e a rede privada, sendo que representam 50,9% das matriculas públicas e 53,3% das matrículas privadas.

3. A proporção entre o 4º quinto mantém a mesma tendências, representando 25,2% na rede pública e 27,4% na rede privada.

4. Esta tendência continua presente nos outros estratos. Mas é interessante que exista percentualmente mais pobres (1º quinto) estudando na universidade pública (3,4% do total matriculado) do que na rede privada (1,5% do matriculado).

5. No 2º quinto de renda a vantagem da rede pública é ainda maior, representando 7,9% de suas matrículas contra 5,7% da rede privada.

Bem que este assunto merecia ser divulgado pela imprensa.

Luiz Araújo é Professor, mestre em políticas públicas em educação pela UnB e doutorando na USP.

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