[Aporrea.org]Tradução do Diário Liberdade – As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, Exército do Povo (FARC-EP) informaram neste domingo através de um comunicado que libertarão os dez retidos e não só seis, como tinham anunciado em dezembro passado, e agradeceram a disposição “generosa do Governo da presidenta do Brasil, Dilma Rousseff”.
“Queremos comunicar nossa decisão de somar à anunciada libertação dos seis prisioneiros de guerra, a dos quatro restantes em nosso poder”, expressa o texto no que manifestam seus “sentimentos de admiração” para os familiares dos soldados e polícias retidos.
As FARC solicitam, através do comunicado difundido em sue site oficial, que a ativista de Colombianos e Colombianas pela Paz e dirigente de Asfamipaz, Marleny Orjuela, vá receber os dez retidos no dia da libertação, que se estima seja no final do mês de março.
“Estamos em disposição de concretizar o que for necessário para agilizar este propósito. A Colômbia inteira e a comunidade internacional serão testemunhas da vontade demonstrada pelo Governo de Juan Manuel Santos, que já frustrou um feliz final em novembro passado”, agregam no comunicado difundido através de seu portal na internet.
O grupo armado da Colômbia destaca que depois da libertação dos dez retidos “proscrevemos a prática delas (retenções) em nossa atuação revolucionária (…) É hora de que se comece a esclarecer quem e com que propósitos sequestra hoje na Colômbia”.
Eis o comunicado completo:
“DECLARAÇÃO PÚBLICA
Sobre Prisioneiros e Retenções
A cada vez que as FARC-EP falamos de paz, de soluções políticas à confrontação, da necessidade de conversar para achar uma saída civilizada aos graves problemas sociais e políticos que originam o conflito armado na Colômbia, levanta-se irado o coro dos amantes da guerra para desqualificar nossos propósitos de reconciliação. De imediato são-nos atribuídas as mais perversas intenções, só para insistir em que o único que cabe conosco é o extermínio. Em geral, os mencionados incendiários nunca vão à guerra, nem permitem que seus filhos vão.
São quase 48 anos na mesma. Cada tentativa ensaiada tem resultado em um subseguinte fortalecimento nosso, em frente ao qual volta a crescer a investida e a se reiniciar o círculo. O fortalecimento militar das FARC de hoje levanta-se em frente dos olhos de quem proclamou o fim do fim e incita-os a proclamarem a necessidade de acrescentar o terror e a violência. Por nossa parte, consideramos que não cabem mais negativas à possibilidade de iniciarmos conversas.
Por isso queremos comunicar nossa decisão de somar à anunciada libertação dos seis prisioneiros de guerra, a dos quatro restantes em nosso poder. Ao agradecer a disposição generosa do governo que preside Dilma Rousseff e que aceitamos sem vacilação, queremos manifestar nossos sentimentos de admiração para com os familiares dos soldados e polícias em nosso poder. Jamais perderam a fé em que os seus recobrariam a liberdade, ainda no meio do desprezo e da indiferença dos diferentes governos e comandos militares e policiais.
Em atenção a eles, queremos solicitar à senhora Marleny Orjuela, essa incansável e valente mulher dirigente de ASFAMIPAZ, que vá a receber na data acordada. A tal efeito, anunciamos ao grupo de mulheres do continente que trabalham ao lado de Colombianas e Colombianos pela Paz, que estamos em disposição de concretizar o que for necessário para agilizar este propósito. A Colômbia inteira e a comunidade internacional serão testemunhas da vontade demonstrada pelo governo de Juan Manuel Santos, que já frustrou um feliz final em novembro passado.
Muito se tem falado a respeito das retenções de pessoas, homens ou mulheres da população civil, que com fins financeiros efetuamos as FARC a objeto de sustentar nossa luta. Com a mesma vontade indicada acima, anunciamos também que a partir da data proscrevemos a prática delas em nossa atuação revolucionária. A parte pertinente da lei 002 expedida por nosso Pleno de Estado Maior do ano 2000 fica portanto derrogada. É hora de que se comece a esclarecer quem e com que propósitos sequestra hoje na Colômbia.
Sérios obstáculos interpõem-se à concreão de uma paz negociada em nosso país. A arrogante decisão governamental de incrementar a despesa militar, o pé de força e as operações, indica o prolongamento indefinido da guerra. Ela trará consigo mais morte e destruição, mais feridas, mais prisioneiros de guerra de ambas partes, mais civis encarcerados injustamente. E a necessidade de recorrer a outras formas de financiamento ou pressão política por parte nossa. É hora de que o regime pense seriamente em uma saída diferente, que comece ao menos por um acordo de regularização da confrontação e de libertação de prisioneiros políticos.
Desejamos finalmente expressar nossa satisfação pelos passos que se vêm dando para a conformação da comissão internacional que verificará as denúncias sobre as condições subumanas de reclusão e o desconhecimento dos direitos humanos e de defesa jurídica, que enfrentam os prisioneiros de guerra, os prisioneiros de consciência e os presos sociais nos cárceres do país. Esperamos que o governo colombiano não tema e não obstrua este legítimo labor humanitário propulsado pela comissão de mulheres do continente.
Secretariado do Estado Maior Central das FARC-EP
Montanhas da Colômbia, 26 de fevereiro de 2012.”