Para Frei Betto, internação compulsória é limpeza provisória da paisagem urbana

Em sua coluna na Rádio Brasil Atual, o escritor Frei Betto disse hoje (3) que considera a internação involuntária uma “resposta temporária” que funciona para a “limpeza da paisagem urbana”. Aprovado pela Câmara dos Deputados e encaminhado para votação no Senado, o Projeto de Lei 7.663, de 2010, altera o Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas (Sisnad) e chancela a prática. Realizada anteriormente a partir de decisões judiciais, agora a internação involuntária dependerá apenas do pedido de algum parente ou, na falta dele, de algum profissional da saúde.

“A internação pode ser útil em casos de crises ou surtos, mas nunca será solução. Vai haver uma solução preventiva se o poder público cumprir seu dever e assegurar a crianças e jovens educação de qualidade. Um jovem que sonha em ser um profissional competente jamais entrará nas drogas se tiver escola garantida.”

Frei Betto ressalta que o problema das drogas existe em todas as classes sociais, mas enfatiza a dimensão social que considera estar na raiz do problema. “Morei cinco anos em uma favela e aprendi que nenhum traficante deseja que seu filho siga os seus passos. Ele sonha que seu filho seja doutor. No dia em que o poder público levar ao nível do tráfico mais escola, música, bibliotecas e menos batidas policiais e balas perdidas, teremos menos viciados e menos traficantes.”

Além disso, o escritor problematiza as internações involuntárias frente à infraestrutura insuficiente existente nas clínicas de recuperação. “Em países como o nosso, onde o sistema de saúde é precário, é difícil acreditar que as clínicas de internação compulsória terão suficiente pedagogia para ajudar a recuperar os dependentes.

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