Supermercados europeus ameaçam suspender produtos agrícolas caso PL Grilagem seja aprovado

Grandes supermercados e produtores de alimentos europeus ameaçaram nesta quarta-feira (5), boicotar produtos agropecuários do Brasil por causa do projeto de lei nº 510/2021 de regularização fundiária que, segundo eles, levaria a um desmatamento maior da floresta amazônica.

A carta aberta aos congressistas brasileiros, contém assinatura de um grupo com 38 integrantes. Entre as quais estão grandes redes britânicas como Tesco, Sainsbury’s e Marks & Spencer e a chancela da gigante alemã Aldi.

No texto, as companhias relatam que o PL traz “ameaças potencialmente ainda maiores para a Amazônia do que antes”. Eles também consideram o projeto como “extremamente preocupante.”

As empresas dizem que querem ajudar a desenvolver o manejo sustentável da terra e da agricultura no Brasil, além de apoiar o desenvolvimento econômico e garantir os direitos das comunidades indígenas, sem colocar em risco o progresso na proteção de sistemas essenciais para o mundo.

“No entanto, se essa ou outras medidas que prejudicam essas proteções existentes se tornarem lei, não teremos escolha a não ser reconsiderar nosso apoio e uso da cadeia de suprimentos de commodities agrícolas brasileiras”, escreveram na carta.

Confira a íntegra da carta enviada aos congressistas brasileiros:

“5 de maio de 2021
Uma carta aberta sobre a proteção da Amazônia
Aos Deputados e Senadores do Congresso Nacional do Brasil,

Há um ano, escrevemos para vocês sobre a nossa preocupação com a Medida Provisória 910, então reformulada para PL 2633/2020. Ficamos animados com a decisão anterior de retirar a proposta antes de ela ser apresentada.

No ano passado, vimos uma série de circunstâncias resultando em níveis extremamente altos de incêndios florestais e desmatamento no Brasil. Ao mesmo tempo, observamos que as metas para reduzir esses níveis, bem como os orçamentos de fiscalização disponíveis para cumpri-los, são cada vez mais inadequados. Portanto, é extremamente preocupante ver que a mesma medida a que respondemos no ano passado está sendo apresentada novamente como a proposta legislativa PL 510/21 com ameaças potencialmente ainda maiores para a Amazônia do que antes. Essas medidas são contrárias à narrativa e retórica que vimos internacionalmente do Brasil, recentemente, em 22 de abril de 2021, na cúpula com o presidente dos EUA, Joe Biden.

Gostaríamos de reiterar que consideramos a Amazônia uma parte vital do sistema terrestre que é essencial para a segurança do nosso planeta, bem como uma parte crítica de um futuro próspero para os brasileiros e toda a sociedade. As proteções existentes e designações de terras consagradas na legislação brasileira têm sido fundamentais para que nossas organizações tenham confiança de que nossos produtos, serviços, investimentos e relações comerciais no Brasil estão alinhados com os compromissos que temos como empresas ambientalmente e socialmente responsáveis, e que nossos clientes e partes interessadas esperam de nós.

Nossa porta permanece aberta para trabalhar com parceiros brasileiros no apoio ao desenvolvimento do manejo sustentável da terra e da agricultura. Somos parceiros dispostos a possibilitar isso de uma forma que apoie o desenvolvimento econômico, ao mesmo tempo que defende os direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais. Essas metas críticas devem ser alcançadas sem colocar em risco o progresso que o Brasil fez até agora na proteção dos ecossistemas vitais que são essenciais para a saúde do mundo que todos nós compartilhamos. No entanto, se esta ou outras medidas que prejudicam essas proteções existentes se tornarem lei, não teremos escolha a não ser reconsiderar nosso apoio e uso da cadeia de suprimentos de commodities agrícolas brasileiras.

Esperamos que o governo brasileiro reconsidere sua proposta.

Signatários:

Confederação das Indústrias Agrícolas (AIC)
Ahold Delhaize
ALDI Einkauf SE & Co. OHG
Grupo ALDI SOUTH
AP7 (Sjunde AP-fonden)
Asda Stores Ltd.
The Big Prawn Company
British Retail Consortium
Congregação das Irmãs de Santa Inês
Co-op Suíça
O Grupo Cooperativo
Cranswick plc
Donau Soja
EdenTree Investment Management
Greggs plc
Hilton Food Group
KLP Kapitalforvaltning AS
Legal & General Investment Management
Lidl Stiftung
Marks & Spencer
METRO AG
Migros
Moy Park
National Pig Association
New England Seafood International (NESI)
Pilgrim’s UK
Fundação ProTerra
Garantia de trator vermelho
Grupo de soja de varejo
J Sainsbury Plc
Skandia
Swedbank Robur Fonder AB
Tesco PLC
Waitrose & Partners
Winterbotham Darby
Wm Morrison Supermarkets Plc”

Fonte: Amazônia.org.br

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