por Marcos Albano [*]
Ó rapaz, que se faz pela noite mansa
Parte sem eira, nem beira e na noite se lança…
Numa sirene de alerta: seu choro de esperança.
Nos teus batuques recordas – a melodia Cabana.
Foi o primeiro rebento,
No passo a passo desta nação.
E brotastes teu brilho em meio à pobre civilização,
E chegastes a claustro, gemendo de horror.
Coberto de palhas que o vento levou,
Num choro contido, te livras da dor.
O Brasil de Benguela, triste sol que devora
O Brasil de Cabinda, capoeira de Angola.
Nas tuas noites roubadas: Filho da união.
Nas verdes frondes sentadas, sob o barracão.
Quem quiser que duvide da tua pretensão,
Ó crioulo teu riso, na escuridão…
De dia alimentas esperanças demais
Na noite procuras lembranças dos teus orixás.
Tu cantas vibrante, na doce magia
E dormes tranquilo para então revelar
O batuque alegre da música negra
Na noite tão fria para enfeitiçar.
Tua viola anuncia: Canjerê nos matagais
Para esquecer o banzo nas senzalas mortais;
O molejo moreno a cada novo dia,
Alegria de ser, silhueta da paz
Nasceu entre as sombras, mas segue a brilhar
Um dia ainda retornas para descansar
Nas matas nascestes ao alvorecer
E voltas com a pele cicatrizada, para não mais sofrer.
*Marcos Albano é estudante de história da UFPA
2 respostas para “CRIOULO”
Este e o poema mais lindo que ja li, estou muito emocionada. Espero ler outros tao maravilhosos quanto este. Pelo mesmo autor é claro! Parabens vc tem muito talento bjs sua fã. Bjs
Passei por aqui, e gostei muito do que li. Você, é muito bom poeta e, letrista, Marcos, parabéns.