Por Aldenor Jr. (*)
Aos integrantes da Brigada Brasileira de Solidariedade Zumbi dos Palmares
Com olhos de menino eu vi:
– Outros olhos de meninos alçados em armas, erguendo barricadas de sangue e de sonho aos pés de vulcões mal-dormidos na pequena e insurrenta Nicarágua;
– Tiranos em fuga, carregados de tesouros e de vergonha, enquanto, nas ruas vermelhas de ira, o povo conquistava, enfim, o direito de sorrir;
– Ondas enlouquecidas de gentes que, sem pedir licença, colocavam o mundo de ponta-cabeça;
– O amanhecer daquele 19 de julho com sua película rojo y negra que anunciava a chegada da Revolução, com R maiúsculo,ao coração da América tantas vezes violada;
Com que olhos, hoje, mais de três décadas depois, revisitarei as colunas guerrilheiras que tomaram Manágua e espalharam, por todas as partes, as belas sementes da rebeldia?
Pouco importa se os caminhos dessa e de tantas outras revoluções acabaram frustrados em meio aos cruéis ataques de fora e aos não menos nefastos pecados de cima e de dentro.
Afinal, aquelas bandeiras insubmissas e aqueles gritos de liberdade apenas aguardam outras mãos e outras gargantas dotadas de coragem e paciência para voltar a palmilhar, agora e sempre, os caminhos abertos por quem desposou a luta como eterna companheira.
Aldenor Jr é jornalista e editor do Página Crítica