A mídia merece uns molotovs

Sérgio Domingues [Pílulas Diárias]

“A globalização do protesto”. Este é o título de matéria de Carolina Rossetti publicada em O Estado de S. Paulo, em 14/08. Trata-se de entrevista feita com Saskia Sassen, socióloga americana. A introdução da jornalista dá um panorama coerente:

No mesmo dia em que a face pobre da Grã-Bretanha saiu dos guetos para dar a cara a tapa, 200 mil manifestantes cobriram as ruas de Tel-Aviv a fim de exigir aluguéis mais baixos e escolas gratuitas para seus filhos. “Isto é o Egito”, cantaram os israelenses, ecoando a já emblemática Praça Tahrir, no Cairo. Na terça-feira, e pela segunda vez na semana, cerca de 100 mil estudantes chilenos foram bater panela nas calles de Santiago, dessa vez ao lado dos pais, para exigir reformas na educação.

Carolina também cita os manifestantes mortos nas ruas árabes e os 12 milhões de pessoas que sofrem de fome crônica no Chifre da África (Somália, Djibouti, Quênia, Uganda e Etiópia). E Saskia dá sua explicação para essa onda de protestos:

Ao longo de 30 anos houve perda de renda de metade da população mundial e tamanha concentração de riqueza no topo que simplesmente chegamos ao limite. É a explosão disso que estamos vendo em nossas cidades.

Mas, matérias como esta são exceções na mídia comercial. Principalmente, em relação aos protestos em Londres. Para a grande imprensa, a revolta num dos centros do imperialismo é imperdoável. Coisa de baderneiros, bandidos, “rebeldes sem causa”.

Felizmente, em alguns momentos, eles quebram a cara. Foi o caso da entrevista com o sociólogo Silvio Caccia Bava na Globo News, em 11/08. Silvio desmontou as tentativas dos jornalistas de criminalizar os manifestantes londrinos.


Momentos como este são raros numa imprensa a serviço dos interesses da minoria. É por isso que ações de ruas são cada vez mais necessárias. É preciso furar os bloqueios. Às vezes, com molotovs.

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