A senadora Marinor Brito, líder do PSOL no Senado Federal e participante da Comissão de Meio-Ambiente (CMA) acompanhou, no final da manhã desta terça-feira (29), ambientalistas, artistas e movimentos sociais ligados à luta pela terra no país e juventude que integram o Comitê em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável durante a entrega ao secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, de um abaixo-assinado com 1,5 milhão de assinaturas contra as alterações no projeto do Código Florestal, no Palácio do Planalto.
Em sua fala, a senadora do PSOL criticou duramente o comportamento da base aliada do governo que no entender da parlamentar do Pará, foi dirigida pela bancada ruralista.
– Se o governo quiser manter a dignidade e compromissos assumidos no período eleitoral com a sociedade brasileira deverá reorientar sua própria base aliada, para que esta se empenhe em modificar a proposta em discussão e votação no senado, inclusive, rejeitando as emendas danosas e já acatadas pelo relator, senador Jorge Viana (PT-AC). Ou então, teremos, infelizmente, a derrota da grande maioria do povo brasileiro que já se manifestou, através de pesquisa do Instituto Datafolha, realizada em todo país, em junho passado, que aferiu que 85% dos entrevistados são favoráveis em se dar prioridade para a proteção das florestas (mesmo que isso limite a produção agropecuária) ao invés de prioridade para produção (mesmo que limite a proteção das florestas). Portanto, não aceitaremos docilmente esse Código Florestal que está aí, que perdoa dívidas de ruralistas e institucionalize o desmatamento em todo Brasil, disse.
Na mesma linha de entendimento da senadora, também usaram da palavra, o deputado Ivan Valente (PSOL-SP) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Antes de serem recebidos, os parlamentares do PSOL, ambientalistas, artistas e movimentos sociais ligados à luta pela terra no país e juventude fizeram uma manifestação em frente ao Congresso Nacional e ao Palácio do Planalto com faixas e balões pedindo à presidenta Dilma Rousseff que preserve as florestas. O ato em frente ao Palácio do Planalto teve a participação de cerca de 400 crianças que soltaram balões verdes.
O Comitê em Defesa das Florestas e do Desenvolvimento Sustentável reúne organizações como o Greenpeace, o SOS Mata Atlântica, a Via Campesina, o WWF Brasil e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Igreja Católica, Músicos e Juventude.
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PSOL votou contra o acordo de líderes para votação do Código Florestal em regime de urgência
A senadora Marinor Brito, líder do PSOL no Senado Federal, representando a bancada do partido em reunião ocorrida na manhã desta terça-feira (29), com o presidente do Senado, José Sarney, votou contrário ao acordo para votação, em regime de urgência, do projeto de reforma do Código Florestal (PLC 30/2011), previsto para esta quarta-feira (30).
A senadora do Pará foi enfática em discursar em nome da bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) no senado federal, deixando claro aos demais líderes que não concordava com o regime de urgência proposto e que manifestava voto contrário ao mesmo, pois, segundo Marinor Brito, não garante a discussão para uma matéria de extrema importância para o povo brasileiro.
– Fiz questão de vir a esta reunião, exercer meu direito de líder, de discordar do texto aprovado pelas comissões. O texto não responde aos interesses do povo brasileiro e sim dos grandes produtores, pecuaristas e o governo afirma essa conciliação quando mantém a política de isenção, de anistia e possibilita o desmatamento desenfreado. Digo mais, não concordo com o regime de prioridade, pois, hoje, já temos a melhor legislação ambiental do mundo, disse Marinor.
A agência Senado, na cobertura da reunião líderes com o presidente no Senado, não registrou a manifestação contrária da líder do PSOL na referida reunião.
Para 85%, novo Código Florestal deve priorizar florestas e rios
Em sondagem de opinião realizada pelo Instituto de Pesquisas Datafolha, em junho passado, com o objetivo de avaliar o conhecimento e opinião da população sobre os temas abordados na proposta para o novo Código Florestal.
A sondagem de opinião foi encomendada pelas instituições Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Imaflora, Imazon, Instituto Socioambiental, SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil. Foram realizadas 1286 entrevistas em todo o Brasil.
Na pergunta básica e introdutiva, 85% dos entrevistados declararam que concordam em se dar prioridade para a proteção das florestas (mesmo que isso limite a produção agropecuária) ao invés de prioridade para produção (mesmo que limite a proteção das florestas). O fato que houve expressiva cobertura midiática sobre a recente votação na Câmara dos Deputados fez com que quase dois terços da população declarem ter tomado conhecimento da votação, embora a parcela que se declara bem informada seja modesta, o que reflete a complexidade do tema.
Em geral, a pesquisa revela uma opinião pública com forte preocupação pela conservação das florestas, até mesmo quando esta é colocada como eventual fator limitante da produção agropecuária; dependendo das perguntas, a porcentagem dos brasileiros que discordam da proposta votada na Câmara dos Deputados varia entre 77% (a favor do adiamento do debate para ouvir a ciência) e 95% (que não aceitam manter as ocupações em Área de Preservação Permanente).
Fonte: Marinor Brito