[Otávio Rodrigues]
No início da semana, quando a Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgava seus dados parciais sobre conflitos no Campo Brasileiro no período de janeiro a setembro de 2011, o Pará, na região do Xingu, registrava mais um flagrante de ameça à vida, desta vez, ao jornalista Ruy Sposati, integrante do Movimento Xingu Vivo.
O fato ocorreu quando Sposati fazia a cobertura jornalística sobre a onda de demissões de trabalhadores de Belo Monte, ocorrida uma semana depois da negociação do acordo trabalhista que garantiria três meses de estabilidade para todos os operários da obra. Acordo não cumprido, obviamente. O que deveria ser um “movimento operacional normal” por parte do Consórcio Construtor de Belo Monte (CCBM), acabou transformando-se num caso de polícia.
Segundo Sposati, um homem em uma caminhonete prata o abordou usando termos agressivos e ameaçando-lhe de morte. Logo depois, descobriu-se que a viatura prateada [placa JUV-2118] de onde saiu o homem que fez as ameaças foi identificada como de propriedade da PM, do estado do Pará.
Uma situação de muita gravidade e que faz aumentar os níveis de preocupação em relação a este projeto. Afinal, qual o papel destinado aos militares armados presentes no ato de demissão? E o que faziam os ameaçadores, sem nenhuma identificação, utilizando-se de viaturas do estado ? Quem autorizou a missão policial?
É evidente que os policiais deslocados para o canteiro atuaram como segurança privada do Consórcio, extrapolando suas funções legais, abusando das responsabilidades que lhes são conferidas legalmente.
É fato, desde que o governo liberou a licença de instalação de Belo Monte, que paulatinamente o consórcio vai se tornando uma forma de poder na região e assumindo o papel que caberia ao estado.
A presença de forças militares sob o mando da empresa acabou revelando um flagrante de subordinação de um aparato de estado aos interesses de um setor da iniciativa privada.
Esta relação de promiscuidade, paga pelo contribuinte brasileiro, é parte da natureza deste negócio escuso e que já nasceu viciado e compõe o rol de outras tantas denúncias que envolvem o conluio destruidor. Os governos, federal, estadual e os órgãos judiciários não podem se omitir sobre um assunto tão sério. Têm a obrigação de responder à sociedade que providências tomarão sobre este caso.
Otávio Rodrigues é membro do Comitê Xingu Vivo e do Ponto de Pauta
Uma resposta para “Belo Monte, ameaças e relações promíscuas”
Ou alguém PÁRA Belo Monte;
Ou só Deus sabe onde vamos PARAR!