Trabalhador relata espancamentos cometidos por policiais no canteiro de Jirau

Jorge Américo [Radioagência NP]

Operários que ainda permanecem no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, revelam estar sob vigilância permanente desde a última greve, encerrada no início de abril. Na ocasião, um incêndio destruiu mais da metade dos alojamentos.

Pelo menos 11 trabalhadores foram responsabilizados e presos. Outros 2 mil foram dispensados. Em entrevista concedida ao jornal A Nova Democracia, um dos operários descreve cenas de agressão e afirma que elas se repetem constantemente.

“Dentro de uma obra dessas, há milhares de pais de família atrás do sustento. Ninguém é bandido, ladrão, muito menos homicida para se sentir coagido pela Polícia. Eles estão ali não para defender os trabalhadores, mas sim o patrimônio da empresa. Todos se sentiam ameaçados porque qualquer ato ou movimentação poderia gerar uma repressão. Muitos trabalhadores foram espancados na portaria da empresa por policiais e funcionários.”

Os baixos salários, a falta de atendimento médico e as más condições de trabalho foram fatores que motivaram a greve, a exemplo do ocorrido um ano antes.

No mês de março de 2011, 80 mil trabalhadores de diferentes obras estavam em greve devido a condições de trabalho ruins. Somente nas duas usinas do Rio Madeira – Jirau e Santo Antonio – o Ministério do Trabalho fez 2 mil autuações por violações à legislação trabalhista.

Em maio do mesmo ano, um relatório elaborado pela Plataforma Dhesca denunciou que as famílias atingidas foram realocadas para uma área onde não podem plantar nem pescar. O documento demonstra que os impactos foram subestimados. Centenas de crianças estão fora da sala de aula, a qualidade de vida das comunidades piorou e houve aumento expressivo nos índices de violência.

De São Paulo, da Radioagência NP, Jorge Américo.

22/05/11

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