PALESTINA | “Uma revolução não é só feita por quem leva a espingarda, é o pincel do artista, o bisturi do cirurgião, o machado do agricultor”

“Uma revolução não é só feita por quem leva a espingarda, é o pincel do artista, o bisturi do cirurgião, o machado do agricultor”, disse Assaf depois de ter sido declarado vencedor.
“Uma revolução não é só feita por quem leva a espingarda, é o pincel do artista, o bisturi do cirurgião, o machado do agricultor”, disse Assaf depois de ter sido declarado vencedor.

[ Ópera Mundi]

Multidões tomaram as ruas de cidades palestinas na noite de sábado (22/06) depois da final do programa Arab Idol, baseado no reality show norte-americano American Idol, realizada em Beirute, no Líbano. Elas celebravam a vitória de Mohammed Assaf, palestino de 22 anos criado nos campos de refugiados em Gaza.

Cantando hinos patrióticos palestinos e canções folclóricas, Assaf conquistou milhões de votantes entre os telespectadores do programa. Após sua vitória, vista em telas gigantes na Faixa de Gaza e nos territórios ocupados por Israel na Cisjordânia, os palestinos soltaram fogos de artifício e dançaram nas ruas para comemorar.

“Uma revolução não é só feita por quem leva a espingarda, é o pincel do artista, o bisturi do cirurgião, o machado do agricultor”, disse Assaf depois de ter sido declarado vencedor. “Todos lutam pela sua causa da maneira que acham melhor. Hoje represento a Palestina e estou lutando por uma causa através da minha arte e da mensagem que estou mandando”.

Um palestino citado pela BBC escreveu no Twitter que “Mohammed Assaf não libertou a Palestina, mas trouxe alegria a pessoas que não sorriram durante os últimos 66 anos de ocupação”.

Awad Najib, funcionário do governo, afirmou que a vitória de Assaf mostra que “os palestinos não apenas lutam, mas se alegram e produzem grande arte”. Para Mohammed Omar, outro palestino a sair às ruas para comemorar, agora todos vão ver a Palestina “de um modo diferente”.

Até mesmo o presidente Mahmoud Abbas, que esteve em uma situação complicada com a renúncia de seu primeiro-ministro após apenas duas semanas no cargo, se pronunciou, dizendo que “essa vitória é motivo de orgulho e uma vitória para nosso povo no seu sonho de criar um Estado palestino independente, com Jerusalém como capital”.

Assista ao vídeo da vitória de Mohammed Assaf exibido pelo Guardian.

Na sexta-feira (21/06), alguns clérigos muçulmanos fizeram sermões contra Assaf, afirmando que seu título encorajava a idolatria e que as energias dos cidadãos seriam melhor gastas combatendo a invasão israelense. O Hamas também chegou a criticar a participação do jovem no programa, mas, perante o entusiasmo popular, optou por declará-lo um “embaixador cultural”. Alguns ativistas políticos também reclamaram que o espetáculo chamativo tinha pouco a ver com a situação palestina, mas o povo não se importou com as críticas.

Muitos líderes políticos, tentando se aproveitar da onda de popularidade do cantor, começaram a associar suas imagens à dele, chegando a mudar suas fotos de perfil do Facebook para fotos de Assaf e pedindo à população votos para que ele vencesse o programa.

Uma amostra da popularidade gigantesca que Assaf alcançou é sua nomeação, pela ONU, como primeiro embaixador para os campos de refugiados palestinos nos territórios ocupados e em países vizinhos. A expectativa é que ele se apresente na Cisjordânia em breve.

 24/06/2013 – 18h29 | Redação Ópera Mundi| São Paulo

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