
Ativistas feministas lançaram na manhã de sábado, 8 de março, durante a marcha de combate a violência contra a mulher em Belém, por ocasião do Dia Internacional das Mulheres, o núcleo paraense do movimento Rosas de Março.
Segundo Adriana Aviz, integrante da nova corrente de mulheres, o objetivo do “Rosas” é fortalecer a luta pelo fim da violência contra as mulheres, da opressão e das desigualdades de gênero, “Somos militantes de movimentos sociais diversos, que se congregam para mobilizar, refletir e debater sobre o assunto. Uma carta foi entregue à população durante a caminhada”.
O lançamento do movimento Rosas de Março também foi prestigiado por várias lideranças políticas, entre elas, o Deputado Edmilson Rodrigues, a Vereadora Marinor brito, o ex senador José Nery e a historiadora Araceli Lemos, que usou a palavra para destacar a importância da luta das mulheres e homenagear as vítimas da ditadura militar, que completa neste mês de março, 50 anos.
Rosas de Março também será lançado em Macapá/AP, com um ato político-cultural no próximo dia 14 de março, em Macapá(AP), na Sexta Lilás – com música & poesia.
Leia a carta na íntegra:
Rosas de Março
Somos as Rosas. Que nascem neste março, como símbolo da resistência internacionalista das mulheres e contra toda forma de violência, subordinação e opressão.
Somo as Rosas de Luxemburgo e das Marias espalhadas por todos os rincões deste Brasil. Somos as Rosas que nascem no campo e no asfalto quente das zonas urbanas, nos morros, baixadas e palafitas, levantando bandeiras por direitos fundamentais à existência humana.
Somos aquelas que não temem as cercas do latifúndio e avançamos, conquistando direito à terra, ao trabalho e ao alimento para o nosso povo. Somos guerreiras, filhas da terra. A floresta e os rios são nossa casa e nosso alimento. Mãe natureza que não abrimos mão.
Somos as Rosas negras e de todas as cores, vítimas de profunda desigualdade racial. As Rosas das periferias que choram os meninos e meninas mortos. De cabeças erguidas e de punhos cerrados, caminhamos sem temer desafios. Não calamos e nem calaremos frente ao peso da herança colonial, em que o sistema patriarcal apoia-se solidamente com a herança da escravidão.
Somos as Rosas, ativistas de movimentos sociais diversos, que se congregam para mobilizar todas as Rosas a refletir e debater os desafios do mundo contemporâneo sobre as questões de classe, etnia, cor, orientação sexual, idade. Somos as Rosas de um outro mundo possível.
Somos as Rosas que ao longo da história vem batalhando por igualdade de direitos: na remuneração do trabalho, no acesso aos postos de representação, nas oportunidades de ascenção e melhoria de qualidade de vida. Pretendemos superar a opressão patriarcal e a exploração e findar tais embates que no seio da sociedade capitalista brasileira recaem com mais força sobre nós, subjugadas por uma ideologia que impede a efetiva emancipação das mulheres.
Orgulhosamente somos herdeiras do 08 de março, daquelas que morreram para nos despertar e nos unir na luta pelo fim da opressão e das desigualdades de gênero. Somos herdeiras do conjunto de conquistas e das intermináveis lutas. Conquistas alcançadas ao longo dos séculos. Lutas infindas e cada vez mais necessárias.
Somo Rosas que choram e sonham. E renovamos nossas convicções de que a transformação social é processo coletivo, e se pauta na luta pelo fim da exploração humana e por um mundo onde homens e mulheres vivam em igualdade.