Joaquim Passarinho usou mandato para tentar “livrar a cara” de investigado por extrair ouro em terras indígenas

Com a tragédia humanitária na terra indígena Yanomami que chocou o mundo nos últimos dias, as autoridades brasileiras buscam os responsáveis através de investigações e inquéritos que cada vez mais apontam o garimpo ilegal como o maior causador da crise, e, escandalosamente, têm apontado políticos e autoridades ligados ao governo de Jair Bolsonaro como os principais fomentadores da atividade ilícita que causou a morte de centenas de indígenas.

Dentre estas autoridades está o deputado federal reeleito pelo PL do Pará Joaquim Passarinho, que já tem histórico de longas datas em relacionamentos com pessoas ligadas à crimes ambientais na Amazônia. Entre estes relacionamentos “duvidosos”, está a amizade dele com o deputado estadual eleito Wescley Tomaz (PL/ PA),  que estava, assim como Joaquim Passarinho, na comitiva de políticos do Pará que se reuniu com Bolsonaro em abril de 2022, para defender a regularização de garimpos, segundo relata reportagem da Folha. Quando vereador em Itaituba, Tomaz era conhecido como o “vereador do garimpo”.

Bolsonarista raiz e autodeclarado combatente da corrupção política, Passarinho além de manter relações com estes políticos de trajetória duvidosa, tem também em seu currículo a defesa de pessoas que vivem já há muito tempo na ilegalidade, como é o caso do garimpeiro Dirceu Santos Frederico Sobrinho investigado por extração ilegal de ouro em terras indígenas e reservas ambientais. Em setembro de 2019, o deputado bolsonarista  pediu uma audiência na Câmara dos Deputados, da qual o comerciante ilegal de ouro fez parte. 

Naquela ocasião, Passarinho fazia parte da Comissão de Minas e Energia da Câmara, e pediu um debate sobre a extração de ouro na Amazônia, na tentativa de “livrar a cara” do garimpeiro de Itaituba/ PA, que provavelmente pediu “socorro” ao parlamentar, por conta de problemas com a justiça que mais tarde seriam expostos pela mídia brasileira.

Também ligado ao ex-senador Flexa Ribeiro (PP/PA), Dirceu Frederico Sobrinho foi preso e é investigado pela Polícia Federal por orquestrar esquema de extração ilegal de minério em áreas indígenas e áreas de proteção ambiental . 

Dono de garimpos, mineradoras e empresas que negociam ouro, o empresário é investigado por comprar o metal de garimpos ilegais na Terra Indígena Yanomami (RR), Munduruku e Kayapó (PA). A investigação da PF aponta que Sobrinho teria movimentado “de forma atípica” R$ 2,1 bilhões entre janeiro de 2018 e setembro de 2019, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). Há pagamentos feitos para garimpeiros que atuam na clandestinidade sem as devidas permissões ambientais e de operação. A PF suspeita ainda que Sobrinho esteja praticando lavagem de dinheiro e “esquentando” o metal, ou seja, legalizando o ouro obtido na ilegalidade.

Edição de Ju Abe. 

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