Coleta do lixo em Belém: velhas questões não se resolvem com velhas práticas

Na última sexta-feira (17), a Prefeitura de Belém divulgou uma nota oficial contendo esclarecimentos sobre a situação da coleta de lixo, problema complexo que tem preocupado os cidadãos e cidadãs belenenses nos últimos tempos.

É sabido que velhos problemas não podem nem devem ser solucionados com velhas práticas, e o problema do lixo em Belém e sua região metropolitana é um destes fantasmas que assolam a população local desde o passado.

A jornalista Leandra Souza, da Revista Piauí, mostrou que a empresa Guamá Tratamento de Resíduos- a GTR, que gere os resíduos sólidos em Belém desde 2015, não cumpre com sua parte do contrato estabelecido. Moradores denunciam que o descarte dos resíduos sólidos está sendo feito de maneira incorreta, gerando mal cheiro, contaminação de lençóis freáticos, proliferação de pragas e outros problemas ambientais, o que é confirmado por pesquisas do Instituto Evandro Chagas, e da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal do Pará (UFPA), fatos que a GTR insiste em negar.

Em 2017, três diretores do grupo empresarial Solví, do qual faz parte a Guamá Tratamento de Resíduos, foram presos por descumprimento de sua parte no acordo de gestão de resíduos sólidos de Belém, mas hoje respondem em liberdade. Ou seja, o grupo empresarial não é, como se diz por aqui, “flor que se cheire”.

Por outro lado, a gestão atual esforça-se para dar uma solução real ao imbróglio, com a retirada da GTR da gestão dos resíduos sólidos, dando lugar à uma nova contratação, cujo escopo irá “implementar uma solução definitiva para esse complexo drama”, como diz a nota oficial da prefeitura, assinada pela secretária de Saneamento Ivanise Gasparim. Em Parceria Público Privada- PPP, a prefeitura realiza agora os devidos ajustes no novo certame, com vistas a evitar vícios contratuais e repetições de erros passados. A secretaria de Saneamento promete em breve anunciar a empresa vencedora.

Respeitando o contexto de emergência climática atual, não há mais como realizar o trabalho sem que haja diálogo com o que está sendo feito mundo afora, em acordo com o Pacto Global pelo Clima, do qual Belém faz parte. O novo sistema implementado vai, segundo a Sesan, “colocar Belém no nível do que existe de mais moderno em termos de respeito ambiental e coleta inteligente do lixo, separando o que pode ser reciclado e, assim, gerando, inclusive, novas oportunidades de trabalho e renda para pessoas e empresas”.

Como sede da Cop-30, Belém não pode e não deve virar as costas à todas as exigências planetárias no que tange à coleta de resíduos sólidos. E, como todos sabemos, toda mudança verdadeira e coadunada com as complexidades do contexto não aterriza instantaneamente. É preciso estudo, escuta, esforço técnico. Algo que foi deixado à deriva pelas gestões anteriores, preocupadas mais em livrar-se do problema do que de fato, resolvê-lo.

Ju Abe, graduada em Filosofia, artista da música e ativista. Atualmente cursando Letra/ Inglês, UFPA.

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