Nos últimos dias têm havido a divulgação de informações inverídicas sobre a posição do PSOL diante da divisão do estado do Pará. Na quinta-feira, 05, a Câmara dos Deputados aprovou a realização de um plebiscito para que a população do estado opine sobre a criação de dois novos estados, a saber: o estado do Tapajós (na região oeste) e do estado de Carajás (na região sul e sudeste). A primeira proposta (PDC 731/00), que trata do plebiscito para a criação do estado de Tapajós, deverá retornar ao Senado por ter sido alterada na Câmara. Já a segunda proposta aprovada (PDC 2300/09), que prevê a realização de plebiscito para a criação do estado de Carajás, não foi alterada na Câmara e segue para a promulgação.
O PSOL, desde o início, e em consonância com sua tradição democrática, defende o aprofundamento da discussão e a realização do plebiscito, embora boa parte de suas lideranças tenha opinião contrária à divisão. Não se trata de uma questão de princípios, mas da discussão concreta de cada caso. Há, no Congresso Nacional, pelo menos 11 projetos que criam novos estados. No caso do Pará a discussão reflete o profundo abandono a que está submetido o povo paraense. Quase 1,5 milhão de miseráveis, saúde caótica, infraestrutura precária, educação em frangalhos e insegurança generalizada, não poderiam gerar outra reação. Os governos do PSDB e do PT relegaram o povo do interior ao mais profundo descaso, o resultado não poderia ser outro.
Ainda não houve, pelo menos este ano, nenhuma discussão no senado, sobre o tema. Nas diversas oportunidades em que fui instada sobre o tema sempre me manifestei favorável à realização do plebiscito. O tema é bastante complexo e penso que a discussão deva ser feita de forma transparente e sem estereótipos. Há muita gente do bem contra e a favor da divisão, assim como há muita gente mal intencionada que defende cada uma das posições acerca do tema. Defender uma posição não significa, necessariamente, alinhar-se aos defensores desta tese. Só a título de exemplo, podemos citar que dentro do PSDB, do PT e do PV há dirigentes a favor e contra a divisão.
O plebiscito é uma forma de qualificar o debate ao mesmo tempo em que permite a popularização da discussão. Quem defende o socialismo e a liberdade não pode temer a vontade popular. Mesmo que minha posição seja minoritária defenderei até o último momento a necessidade de ouvir o povo. Essa é minha posição. O resto são factóides.
Senadora MARINOR BRITO
Líder do PSOL no Senado Federal