[Rosângela Emerique]
Uma voz a suplicar
Desafios a bailar
Vidas a satirizar
Um povo a encontrar
Do discurso não adiantar
Matas a derrubar
Povo a chegar
Emprego a buscar
Casa a procurar
Tristeza por vivenciar
O custo de vida aumentar.
E em nossa Terra o que falar
Uma hidrelétrica vão instalar
O Xingu a chorar
O caboclo a gritar
O desespero alcançar
A quem nada alocar
O Político enganar
E a vida nos roubar
A quem acreditar?
Nas eleições a votar?
Presidenta a aprovar
A sentença de degradar
A terra da missão devastar
Com canteiros de obras a implantar
O Xingu a desviar
Aos indígenas desrespeitar
Aos ribeirinhos martirizar
A seringueira derrubar
Paisagem xinguana a desencantar
Angélica não mais acordar
O Capelobo não mais assustar
E a Matinta Perêra, não mais assobiar
Altamira a soluçar
A lenda não mais auscultar,
A paz a procurar
E o Homem nada significar.
Rosângela Emerique
Escritora e presidente da Associação
dos escritores da Transamazônica e Xingu
Altamira – Pará, 30/08/2011