Pelo vigésimo ano consecutivo, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) condenou, por esmagadora maioria – 186 votos a favor, dois contra, três abstenções – o bloqueio que os Estados Unidos mantêm há meio século contra Cuba. O resultado da votação de ontem é elucidativo acerca do isolamento diplomático da superpotência face a este prolongado conflito: com a exceção dos votos contrários do acusado e de Israel – cujo governo necessita do apoio norte-americano para perpetuar esse outro atropelo ao direito internacional que é a ocupação ilegal dos territórios palestinos – e das abstenções das ilhas Marshall, Micronésia e Palaos, mais de 90 por cento dos estados membros da ONU – cujos governos provêm das mais diferentes ideologias econômicas, políticas e sociais, e muitos dos quais têm sido aliados tradicionais de Washington e críticos do regime cubano – rejeitaram o intervencionismo, a imoralidade, a pretensão à extraterritorialidade e o anacronismo que constitui o embargo contra a nação caribenha.
É pertinente insistir-se em que, independentemente das opiniões que existam acerca do sistema político e econômico cubanos, o bloqueio imposto pelos EUA é insustentável do ponto de vista legal, moral, humano e político: nas cinco décadas que já decorreram desde o seu início, esta medida prejudicou gravemente a nação caribenha, dificultou a alimentação, a saúde e a prosperidade do povo da ilha e provocou um enorme dano à sua economia. Segundo afirmou ontem o chanceler de Cuba, Bruno Rodriguez, o bloqueio já custou ao país caribenho uns 975 bilhões de dólares, fundamentalmente pela necessidade de adquirir alimentos, medicamentos, reagentes, sobressalentes para equipamentos médicos, instrumentos e outros bens em mercados distantes e, em muitas ocasiões, com recurso a intermediários, em consequência da proibição de negociar com empresas norte-americanas e inclusivamente com associadas suas noutros países.
Para cúmulo, a persistência da medida constitui uma contradição com os acordos de livre comércio que Washington tem imposto em outras latitudes do continente e do mundo, uma vez que priva as empresas dos Estados Unidos e de outros países de legítimas oportunidades de negócio e de investimento na economia cubana.
Por outro lado nesta sessão da ONU voltou a brilhar a dupla moral que caracteriza a postura de Washington em relação à ilha com a insistência, formulada pelo representante desse país vizinho na ONU, Ron Godard, de que “o nosso objetivo (através do embargo) é alcançar um ambiente mais aberto em Cuba, melhorar os direitos humanos e as liberdades fundamentais”: para além de dever assinalar-se que tais exigências ofendem o princípio da não intervenção e os princípios básicos do respeito pela soberania e autodeterminação dos povos, que autoridade tem para as colocar um governo que tem tolerado e apoiado regimes tão insuportáveis como o da Arábia Saudita, o de Marrocos e o de Israel – entre muitos outros -, reconhecidamente regimes de caráter opressor e violadores sistemáticos dos direitos humanos.
Em resumo, com a continuidade da política que tem suscitado a rejeição por parte de praticamente toda a comunidade internacional, a administração encabeçada por Barack Obama acentuou a percepção do fracasso em cumprir as promessas de mudança com que se apresentou. Para além da eliminação de algumas das restrições a viagens e transferências de divisas impostas por George W. Bush, a política do atual governo de Washington em relação a Havana em nada se distingue da do seu antecessor. Com o prosseguimento do embargo o atual mandatário norte-americano, distinguido há dois anos com o prêmio Nobel da Paz, atropela os mais elementares princípios éticos, humanos e civilizacionais, e age em sentido contrário ao sentimento maioritário da ONU.
Cuba: el bloqueo y la inmoralidad de EU
Por vigésimo año consecutivo, la Asamblea General de la Organización de Naciones Unidas (ONU) condenó por abrumadora mayoría –186 votos en favor, dos en contra y tres abstenciones– el bloqueo que Estados Unidos mantiene contra Cuba desde hace medio siglo. El resultado en la votación de ayer es ilustrativo del aislamiento diplomático que padece la superpotencia en torno al añejo conflicto: salvo por el voto adverso del acusado y el de Israel –cuyo gobierno está necesitado del respaldo estadunidense para perpetuar otro atropello internacional: la ocupación ilegal de los territorios palestinos– y las abstenciones de islas Marshall, Micronesia y Palaos, más de 90 por ciento de los estados miembros de la ONU –cuyos gobiernos provienen de las más distintas ideologías económicas, políticas y sociales, y no pocos de ellos han sido aliados tradicionales de Washington y críticos del régimen cubano– rechazaron el intervencionismo, la inmoralidad, la pretensión de extraterritorialidad y el anacronismo que conlleva el embargo contra el país caribeño.
Es pertinente insistir en que, con independencia de opiniones sobre el sistema político y económico cubanos, el bloqueo impuesto por Estados Unidos resulta insostenible desde el punto de vista legal, moral, humano y político: en las cinco décadas transcurridas desde su inicio, esa medida ha perjudicado gravemente a la nación caribeña, ha obstaculizado la alimentación, la salud y la prosperidad de la población de la isla y ha provocado enorme daño a su economía. Según afirmó ayer el canciller de Cuba, Bruno Rodríguez, el bloqueo ha costado al país caribeño unos 975 mil millones dólares, fundamentalmente por la necesidad de adquirir comida, medicamentos, reactivos, repuestos para equipos médicos, instrumental y otros insumos en mercados alejados y, en muchas ocasiones, con el uso de intermediarios, a consecuencia de la prohibición a negociar con compañías estadunidenses, e incluso con subsidiarias de otros países.
Para colmo, la persistencia de la medida constituye una contradicción a los principios de libre comercio que Washington ha impuesto en otras latitudes del continente y del mundo, toda vez que priva a empresas de Estados Unidos y de otras naciones de legítimas oportunidades de negocio y de inversión en la economía cubana.
Por otra parte, en la sesión volvió a relucir la doble moral característica de la postura de Washington hacia la isla, con la insistencia, formulada por el representante del vecino país en la ONU, Ron Godard, de que nuestro objetivo (con el embargo) es lograr un ambiente más abierto en Cuba, mejorar los derechos humanos y libertades fundamentales: aun soslayando que tales exigencias vulneran el principio de no intervención y las nociones básicas de respeto a la soberanía y a la autodeterminación de los pueblos, su planteamiento resulta improcedente en voz de un gobierno que ha tolerado y respaldado a regímenes impresentables como el de Arabia Saudita, el de Marruecos y el de Israel –entre muchos otros–, que son reconocidos por su carácter opresivo y por ser violadores consuetudinarios de los derechos humanos.
En suma, con la continuidad de una política que ha generado el rechazo de prácticamente toda la comunidad internacional, la administración que encabeza Barack Obama ha acentuado la percepción de fracaso con respecto a sus promesas iniciales de cambio. Fuera de la eliminación de algunas de las restricciones a viajes y envíos de divisas impuestas por George W. Bush, la política del gobierno actual de Washington hacia La Habana es indistinguible de la de su antecesor. El presente mandatario estadunidense, distinguido hace dos años con el Premio Nobel de la Paz, atropella, con el mantenimiento del embargo, las consideraciones éticas, humanas y civilizatorias más elementales y actúa a contrapelo del sentir mayoritario de la ONU.