Sérgio Domingues [Pílulas Diárias]
Em 10/11, a CBN fez uma entrevista com Wagner Weber, presidente do Centro Empresarial Brasil-Paraguai. Em depoimento a Carlos Sardenberg, ele descreveu o Paraguai como um paraíso para os neoliberais, ainda que não tenha dito isso.
Segundo Weber, investir no Paraguai é um grande negócio. Nem tanto pelo baixo custo da mão de obra. Afinal, o salário mínimo local é de 740 reais. É que os trabalhadores do país produzem cerca de dois meses a mais por ano que seus companheiros do Brasil.
Isso aconteceria porque são cinco feriados a menos por ano e apenas 12 dias de férias para quem trabalha há menos de cinco anos. Férias com 30 dias somente após 10 anos de trabalho na mesma empresa. A jornada semanal é de 48 horas.
A carga tributária em relação ao PIB é de apenas 8%. Não há imposto de renda para pessoa física ou jurídica. Tudo isso explicaria um crescimento econômico espantoso. Os setores de pecuária e manufatureiro vêm crescendo 7% ao ano nos últimos 20 anos.
Weber também diz que a esquerda quase não existe no país. É verdade que o atual governo foi eleito com apoio dela. Mas 98% dos membros do Congresso Nacional são de centro-direita e a instituição manda mais que o presidente da república.
Só não se falou sobre as conseqüências disso tudo para a maioria da população paraguaia. O país ocupa a posição 107 no Índice de Desenvolvimento Humano. Bem abaixo da grande maioria dos países latino-americanos.
É ou não é um paraíso do neoliberalismo? Talvez por isso o capital brasileiro esteja tão bem por lá.
Uma resposta para “No Paraguai, neoliberalismo de verdade”
Estimado Sérgio
Primeiro parabéns pelo comentário.
Só quero esclarecer alguns pontos.
Apesar da baixa carga tributaria e social:
1. A expectativa de vida do paraguaio é de 74,5 anos, contra 73,5 do brasil (OMs, http://www.who.int).
2. A taxa de analfabetismo é a metade, um trabalhador paraguaio estuda em média 2 anos a mais que um brasileiro, e a taxa de finalização da 5 série é maior do que em nosso país. No último ranking UNESCO sobre educação, o Paraguai encontra-se 12 posições acima do Brasil.
3. A densidade de rodovias asfaltada por milhão de habitantes é de 826 km, contra 920 do Brasil. Apesar de a carga tributária ser 1/4 da nossa.
4. A pobreza, medida pelo Banco Mundial, em termos de USD 2,25 diários (por PPP), é 14% no Pargauai, contra 12,5% no Brasil.
5. A taxa de homicidios dolosos no Paraguai, de acordo com último relatório da OMS e da Mapa da Vilência, é 12 para cada 100.000 habitantes, contra 21/100.000 no Brasil.
RESUMINDO
AInda que com baixissima pressão tributária, socialmente falando, o Paraguai tem em educação, saúde e segurança, melhores índices do que nós.