Em memória de Edson Luís de Lima Souto: Dia Nacional de Luta Estudantil

Cortejo do corpo de Edson Luís nas escadas da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Cortejo do corpo de Edson Luís nas escadas da
Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Há exatos 44 anos, a cidade do Rio de Janeiro parou, se comoveu e protestou contra o assassinato do estudante secundarista paraense Edson Luís de Lima Souto, no Calabouço. Edson era um garoto como tantos freqüentadores do Restaurante Central dos Estudantes, no Calabouço, Centro do Rio de Janeiro, tinha 17 anos e estava na cidade havia dois meses, vindo de Belém do Pará.

Com outros jovens pobres, muitos migrantes como ele, almoçava e jantava na cantina “bandejão” subsidiada pelo governo. Por 50 centavos de cruzeiro novo o equivalente hoje a aproximadamente r$3,50, onde se servia sopa, arroz, feijão, carne ensopada, folhas de alface e rodelas de tomate, goiabada e leite.

Edson morava no Campo dos Afonsos, Zona Oeste do Rio de Janeiro, com a tia Enedina Pau-Ferro, casada com um sargento da Aeronáutica. Estudava no Instituto Cooperativo de Ensino, que funcionava no Calabouço. A área incluía um teatro, uma clínica e um pequeno comércio, além de sediar a União Metropolitana dos Estudantes (UME). A entidade administrava o restaurante, custeado pelo Ministério da Educação.

Edson queria completar o secundário, cursando o supletivo o antigo Madureza. Para ganhar um dinheiro extra, engraxava os sapatos dos colegas mais abastados e limpava o restaurante.
Em 1968, o “Calaba” era visto pelo regime militar como um centro de agitação estudantil, de onde partiam aguerridas manifestações lideradas pela Frente Unida dos Estudantes do Calabouço (Fuec). Protestavam especialmente contra a qualidade da comida, ou reivindicavam a conclusão das obras no local – o primeiro restaurante fora demolido dois anos antes para intervenções no trânsito.

Edson não era ativista da luta contra a ditadura, mas lutava pelo restaurante onde comia, e participava ajudando a colar cartazes e jornais nos murais.

No dia 28 de Março daquele ano, mais uma manifestação era organizada. Por volta das 18h, a tropa da Polícia Militar chegou.
Cassetetes dispersaram os cerca de 600 estudantes. Eles voltaram, atirando paus e pedras. A polícia revidou à bala, e um disparo de pistola 45, atribuído ao aspirante Aloísio Raposo, acertou no coração de Edson Luís.

Imediatamente os estudantes cercaram o colega para evitar que a PM o levasse. Sem camisa, Edson foi carregado. O seu corpo abria espaço para um cortejo que se formava rumo à Assembleia Legislativa, hoje Câmara de Vereadores, na Cinelândia, centro do Rio.
Para os estudantes brasileiros, a partir daquele dia 28 de março ficaria marcado como Dia Nacional de Luta Estudantil, em memória ao estudante Edson Luís, mas sobretudo, em memória da luta por liberdades democráticas e melhores condições de ensino nas escolas e universidades públicas.

Com informações fotos do esquerda.net com redação final da equipe do blog da Marinor.

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