Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro
Com outros jovens pobres, muitos migrantes como ele, almoçava e jantava na cantina “bandejão” subsidiada pelo governo. Por 50 centavos de cruzeiro novo o equivalente hoje a aproximadamente r$3,50, onde se servia sopa, arroz, feijão, carne ensopada, folhas de alface e rodelas de tomate, goiabada e leite.
Edson morava no Campo dos Afonsos, Zona Oeste do Rio de Janeiro, com a tia Enedina Pau-Ferro, casada com um sargento da Aeronáutica. Estudava no Instituto Cooperativo de Ensino, que funcionava no Calabouço. A área incluía um teatro, uma clínica e um pequeno comércio, além de sediar a União Metropolitana dos Estudantes (UME). A entidade administrava o restaurante, custeado pelo Ministério da Educação.
Edson queria completar o secundário, cursando o supletivo o antigo Madureza. Para ganhar um dinheiro extra, engraxava os sapatos dos colegas mais abastados e limpava o restaurante.
Em 1968, o “Calaba” era visto pelo regime militar como um centro de agitação estudantil, de onde partiam aguerridas manifestações lideradas pela Frente Unida dos Estudantes do Calabouço (Fuec). Protestavam especialmente contra a qualidade da comida, ou reivindicavam a conclusão das obras no local – o primeiro restaurante fora demolido dois anos antes para intervenções no trânsito.
Edson não era ativista da luta contra a ditadura, mas lutava pelo restaurante onde comia, e participava ajudando a colar cartazes e jornais nos murais.
No dia 28 de Março daquele ano, mais uma manifestação era organizada. Por volta das 18h, a tropa da Polícia Militar chegou.
Cassetetes dispersaram os cerca de 600 estudantes. Eles voltaram, atirando paus e pedras. A polícia revidou à bala, e um disparo de pistola 45, atribuído ao aspirante Aloísio Raposo, acertou no coração de Edson Luís.
Imediatamente os estudantes cercaram o colega para evitar que a PM o levasse. Sem camisa, Edson foi carregado. O seu corpo abria espaço para um cortejo que se formava rumo à Assembleia Legislativa, hoje Câmara de Vereadores, na Cinelândia, centro do Rio.
Para os estudantes brasileiros, a partir daquele dia 28 de março ficaria marcado como Dia Nacional de Luta Estudantil, em memória ao estudante Edson Luís, mas sobretudo, em memória da luta por liberdades democráticas e melhores condições de ensino nas escolas e universidades públicas.
Com informações fotos do esquerda.net com redação final da equipe do blog da Marinor.