“A violência começa no discurso”. Esse é o mote da 3ª Marcha das Vadias de Belém, que ocorre no próximo sábado (29), a partir das 9h, saindo da Praça da República. A manifestação buscar chamar a atenção da sociedade para todos os tipos de violências cometidas contra a mulher, sobretudo as que vêm ocorrendo no âmbito das políticas públicas.
Para as mulheres ligadas a grupos feministas e militantes independentes que organizam o ato, toda violência contra a mulher tem origem na ideia de que ela é inferior ao homem. Essa noção legitima atos que acabam sendo percebidos como algo natural, como quando se diz que uma mulher “mereceu ser estuprada porque não se dá o respeito”. Foi esse tipo de pensamento que deu origem à primeira Marcha das Vadias no mundo, em 2011, quando um policial canadense afirmou que mulheres deveriam evitar se vestir como vadias para não ser violentadas, culpando as vítimas ao invés dos estupradores.
Nesse contexto de discursos que legitimam violências, as ativistas dão ênfase a propostas políticas atuais no país que violam os direitos femininos, a exemplo do Estatuto do Nascituro, que pretende impedir o aborto em casos de estupro, a CPI do aborto, que busca criminalizar mulheres que abortaram, e o projeto conhecido como “cura gay”, que interfere em resolução do Conselho Federal de Psicologia para autorizar “tratamentos” para a “cura” de homossexuais.
Para Eunice Guedes, professora de Psicologia da UFPA e membro do Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense, são muitas as violências que a Marcha das Vadias vem denunciar. “A violência começa no discurso, mas está sendo ultrapassada para além disso. Ela se concretiza nas ações fundamentalistas, na falta de políticas públicas, no fato das pessoas legislarem sobre a vida e o corpo das mulheres. Os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres estão sendo sistematicamente atacados nesse país”, afirma.
As organizadoras também lembram que o Pará é, de acordo com o Mapa da Violência de 2012, o 4 º estado no ranking de queixas de violências contra as mulheres. Além disso, o município de Paragominas é o que tem a maior taxa de homicídio de mulheres em todo o país. Por isso, a Marcha das Vadias é também uma cobrança por políticas públicas locais de prevenção e combate às violências e de amparo às vítimas.
SERVIÇO:
3ª Marcha das Vadias de Belém
Data: 29/06/2013 (Sábado)
Horário: Concentração às 9h
Local: Saída da Praça da República em direção à Praça do Relógio, no Ver-o-Peso
(DOL)
Foto: II Marcha das Vadias – Belém/PA ( Carol Oliveira)