Insegurança pública | Violência já matou quase duas mil pessoas no Pará

images (2)Os números são dignos de um país em guerra. De 1º janeiro até o último dia 8 deste mês, 1.980 pessoas morreram vítimas de homicídios e latrocínios no Pará. Ou seja, por dia, são registrados, em média, dez assassinatos no Estado. Dados estarrecedores que apontam que -se a violência continuar a imperar – 2013 poderá fechar com quatro mil mortes, fechando como o mais violento da históiria recente do Pará.

Os números são do Sistema Integrado de Segurança Pública (Sisp) e foram apresentados, ontem, pelo Sindicato dos Servidores da Polícia Civil (Sindpol), que reclama das políticas públicas de segurança do Governo Simão Jatene, que, segundo a entidade, não investe na área. “Estes dados revelam o reflexo da inércia do Estado no que se refere à Segurança Pública”, lamentou o presidente do Sindpol, Rubens Teixeira.

Os dados coletados do Sisp foram apresentados à imprensa durante entrevista coletiva. Eles apontam que somente nos oito primeiros dias do mês de julho, 81 mortes aconteceram em virtude da violência – mais de dez mortes por dia. Os homicídios foram responsáveis por 72 destes óbitos e os latrocínios (assalto seguido de morte) por nove.

Junho foi o que apresentou os piores índices, com 343 mortes provocadas pela violência. Só de homicídios os números fecharam em 332 e latrocínios, 11. Ou seja, no mês passado, o número de vítimas fatais da violência urbana fechou em 11,44 mortes por dia.

Em janeiro, que foi o segundo mês com mais registros de vítimas fatais da violência, o registro de homicídios e latrocínios somaram 333 mortes – uma média de 11,11 óbitos por dia. Em maio, o número de assassinatos chegou a 320 e março, 316.

Fevereiro e abril registraram, respectivamente, 293 e 294 mortes por homicídio e latrocínio. Foram os dois meses nos quais os dados foram menores, mas não menos preocupantes.

Para Rubens Teixeira estes dados, de maneira geral, revelam a extrema violência da qual a população paraense é vítima e comprovam que o Governo do Estado não consegue garantir a Segurança Pública. “A política de Segurança do Estado é arcaica. É uma política velha de mais de dez anos, que não acompanha os avanços da área”, disse o presidente do Sindpol. “Hoje se mata até na porta de delegacias”, frisou.

Ele também ressaltou que o efetivo da Polícia também não acompanhou o crescimento da população do Pará e voltou a fazer críticas quanto a criação das Centrais de Flagrantes que eliminam o papel das delegacias nos bairros durante a noite, domingos e feriados.

Quando acontece alguma ocorrência nestes horários e dias, o usuário precisa ir à Central de Flagrantes registrar queixa. “O Estado não contrata, não faz concurso público e não constrói uma estrutura para a Polícia trabalhar”, disse Teixeira, ao citar que 45 municípios paraenses estão sem delegado e as delegacias não oferecem condições dignas de trabalho para os servidores da Polícia Civil. “Têm colegas de trabalho que há dois meses não recebem o pagamento referente aos plantões remunerados que tiram, inclusive em dias de folga”, disse.

De acordo com o Sindpol, atualmente o número de policiais civis no Pará é de 2.400 policiais, e o ideal seria ter pelo menos 3.800.

“Tem um concurso público acontecendo, mas ofereceu pouco mais de 600 vagas e o certame ainda está com suspeita de fraude”, denunciou. “Quem ainda reclama ou cobra seus direitos sofre retaliações e é transferido. Isto acontece, por exemplo, na Divisão de Homicídios”, denunciou.

O efetivo insuficiente atrapalha, inclusive, o andamento das investigações destes casos de homicídios e latrocínios, uma vez que a Divisão de Homicídios – que está sobrecarregada – faz o levantamento dos crimes e quando encaminha paras as delegacias dos bairros os inquéritos ficam parados porque não há policiais suficientes para dar continuidade e capturar os acusados.

Embora os números apresentados pelo Sindpol sejam do Sisp, a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Segup) informou que não considera como oficiais os dados apresentados pelo sindicato. Por telefone, a assessoria de imprensa informou que os números estão sendo sistematizados pela Secretaria e serão apresentados durante uma coletiva de imprensa – ainda sem data marcada para acontecer. O que significa que a violência pode ser bem maior.

Site da Segup confirma dados 

Na página da Segup, na internet, constam os dados sobre mortes violentas referentes aos anos de 2010, 2011 e 2012; e que foram obtidos por meio do Sisp (Sistema Integrado de Segurança Pública do Pará).

As estatísticas mostram números considerados altos e também preocupantes. Para se ter uma dimensão do problema, os 1.980 assassinatos registrados somente este ano já são mais da metade do que que foi registrado entre Janeiro e Novembro de 2012, quando 2.850 pessoas morreram vítimas de homicídio ou latrocínio.

Os registros do ano de 2012 são superiores aos do ano de 2011, que fechou com 2.662 homicídios e 131 latrocínios. Somando os dois, foram 2.793 mortes violentas, no Pará.

No ano passado, o número de latrocínios chegou a 119 registros. Este ano, de 1º de janeiro até o dia 8 de julho, já são 87 registros.

O ano de 2010 foi, até então, o mais violento com 3.301 vítimas de latrocínio e homicídios. Se a onda de violência e insegurança continuar como está, os números de ano poderão ultrapassar esta faixa e chegar próximo a quatro mil mortes até o final de 2013.

As informações são do Diário do Pará,  12/07/2013.

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