Indígenas acampam em Brasília para pressionar governo Bolsonaro

Foto: Matheus W Alves/Futura Press

Foto: Matheus W Alves/Futura Press

Começou nesta segunda-feira (4) e segue até o dia 14, em Brasília, o 18º Acampamento Terra Livre (ATL), que , a cada ano, se torna mais representativo das mobilizações populares.

As perspectivas de votações de projetos anti-indígenas no Congresso, principalmente o de abertura de territórios tradicionais às mineradoras pelo governo de Jair Bolsonaro (PL) e a volta do julgamento da tese do marco temporal pelo Supremo Tribunal Federal (STF), motivaram a mobilização dos indígenas, que, neste ano, ampliou em mais seis dias a realização do acampamento, e será presencial, depois de dois anos realizada virtualmente por causa da pandemia da Covid-19. Mais de 5 mil indígenas de vários territórios são esperados para participar do acampamento.

Nesta segunda-feira, Sônia Guajajara, coordenadora-geral da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), organização que promove o evento, disse que o ponto central do Acampamento Terra Livre será a demarcação das terras indígenas. Segundo ela, de 13% de terras demarcadas no país, 98% estão na Amazônia e apenas 2% nas outras regiões do país. Ela ainda disse que o objetivo deste ano é “aldear” a política, o que significa ocupar espaços elegendo indígenas no Legislativo, como também ter representatividade no Executivo e Judiciário. A líder da organização estima que até 8 mil indígenas de 200 povos participarão do movimento.
A jovem liderança Txai Suruí, que chegou no acampamento domingo (3), quando o ATL começou a ser montado no Eixo Monumental, na área central da capital federal, afirmou que “Pela primeira vez viemos a Brasília em dois ônibus, com quase 100 jovens e mulheres da Associação de Guerreiras Indígenas de Rondônia, porque queremos que este movimento tenha mais repercussão ainda do que já teve”, afirmou .

Única brasileira a discursar na abertura oficial da Conferência da Cúpula do Clima (COP26), na Escócia, em novembro, Txai Suruí ressaltou que no exterior as pessoas não sabem exatamente o que acontece, mas entendem perfeitamente que a Amazônia está sendo destruída. “O Brasil hoje é uma vergonha internacional”, frisou. Ela é coordenadora e uma das fundadoras da Juventude Indígena de Rondônia, que reúne cerca de mil jovens de 12 povos do estado, entre 15 e 29 anos.

Neste ano, o tema do evento promovido pela Apib é “Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política”. A instituição anunciou no mês passado que 2022 está declarado como “último ano do governo genocida” e o que o “Abril Indígena” será marcado por ações simbólicas que mostrarão a capacidade na luta pelas demarcações territoriais, “de forma que a defesa pela vida contra a agenda de destruições é nossa prioridade”.

Entre as primeiras comitivas que já chegaram a Brasília está a do Amapá, com cerca de 100 pessoas, de 11 povos. Ao contrário de Rondônia, esse é um dos Estados mais preservados da Amazônia, também comparativamente ao território. Porém, as ameaças são crescentes. Já em julho de 2019, os indígenas denunciavam invasões de garimpeiros cada vez mais agressivas e que levaram ao assassinato do cacique Emyra Waiãpi, ancião de sua comunidade, no oeste amapaense.

A programação até o dia 14 vai dar uma visão aprofundada sobre as principais ameaças aos direitos constitucionais indígenas, abordando questões específicas do Judiciário, Legislativo e Executivo, tratando ainda de assuntos como saúde e educação.

Veja a programação do 18º Acampamento Terra Livre (ATL) em Brasília (DF)

Dia 4/4/2022 – Apresentação das delegações e recepção pela coordenação executiva da Apib e regionais

05/04 – Plenárias (horário de Brasília)

10h – Plenária: #Emergência Indígena – Ameaças aos territórios

11h – Plenária: #AlertaCongresso – Impactos do Legislativo e lançamento da carta aberta contra o PL 191/2020 – Frente Parlamentar

14h às 18h – Plenária: #Emergência Indígena – Nossa Luta pela Vida: Impactos no Executivo, demarcação e políticas públicas

06/04 – Plenárias (horário de Brasília)

8h| Plenária: #AdvocaciaIndígena – Impacto do judiciário na vida dos povos indígenas

10h | Plenária: #IsoladosOuDizimados – Pelas vidas dos Povos Indígenas Isolados e de Recente Contato

14h | #ATL18anos | luta e resistência indígena

07/04 – Plenárias (horário de Brasília)

8h | #LutaPelaVida – O presente e futuro da saúde indígena

14h | Plenária: #LutaPelaVida – Sistemas de produção e economia indígena.

08/04 – Plenárias (horário de Brasília)

Nossas Vozes Ancestrais Retomando o Brasil: Demarcar Territórios e Aldear a Política.

#IndígenasMulheres

9h30 | Retomando o Brasil: Vozes Diversas das primeiras Brasileiras

11h | Demarcar Territórios: Nossos corpos Territórios no Reflorestamentes

13h30 | Ritual abertura da tarde

14h | Aldear a Política: Nós pelas que nos antecederam, nós por nós e nós pelas que virão

15h30 | Caravana das Originárias

20h | Noite Cine Debate

09/04 – Plenária (horário de Brasília)

9h | #EmergênciaIndígena – Mobilização nacional dos movimentos

Com informações da matéria de Cristina Ávila , no site Amazônia Real

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