Mudança de postura da Polícia Rodoviária Federal acontece no mesmo tempo em que a PF do RJ sofre intervenção federal
A chacina da Vila Cruzeiro, no Rio de Janeiro, que resultou em 25 mortos, e a morte por asfixia de Genivaldo de Jesus Santos, em Sergipe, possuem um personagem em comum: a Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Desde que assumiu a presidência da República, Bolsonaro (PL) nunca escondeu o seu desejo de obter influência e controle sobre a Polícia Federal (PF), aliás, esse é o motivo alegado pelo ex-juiz Sergio Moro por ter se desligado do cargo de Ministro da Justiça.
A consagração do controle da PF pelo presidente Bolsonaro se dá em abril de 2021, quando Anderson Torres foi nomeado ministro da Justiça e Paulo Maiurino o novo diretor-geral da Polícia Federal. Hoje, Maiurino controla a Secretaria Nacional de Políticas contra as Drogas e a PF está sob direção de Márcio Nunes de Oliveira.
Porém, para além destes nomes há um outro: Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro e que, em 2020, escondeu o miliciano Fabrício Queiroz, personagem central do esquema de rachadinhas do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ). O advogado é apontado como um homem de forte influência na Polícia Rodoviária Federal.
Aqui no Pará, o advogado da família Bolsonaro ficou conhecido por literalmente ter feito o papel de advogado do diabo: ele defendeu Valentina de Andrade, líder de uma seita satânica que foi a julgamento por ter matado e mutilado crianças e adolescentes em ritual de magia negra em Altamira. Valentina foi absolvida em 2003, numa controversa investigação chefiada por ninguém menos que o deputado e delegado bolsonarista Éder Mauro.

Segundo informações da revista Crusoé e da IstoÉ, Wassef nutre forte relação com o inspetor da PRF, Antônio Fernando Miranda. De acordo com a publicação, os dois nutrem uma amizade de longa data. Natural de Bragança Paulista, o inspetor e amigo do advogado da família Bolsonaro atua há mais de 26 anos na PRF e desde novembro de 2020 comanda a 3ª Delegacia da Polícia Rodoviária Federal. À época, tanto Wassef quanto Flávio Bolsonaro negaram qualquer tipo de influência na PRF.
A mudança de postura da Polícia Rodoviária Federal também é observada pelo pesquisador Daniel Hirata, que coordena o Geni (Grupo de Estudos dos Novos Legalismo), grupos de estudos sobre segurança pública e chacinas que, em entrevista à Revista Fórum, aponta a demissão de Moro e a troca de comando na PF como momentos relacionados à mudança de atuação da PRF.
“Por que essa mudança da PRF em uma direção ruim? Em uma direção convergente do que há de pior nas polícias estaduais. A mudança na superintendência da PF aqui no Rio de Janeiro foi o que acabou detonando a saída do ministro Sergio Moro do governo Bolsonaro e que essas interferências federais são muito ruins para a atividade policial”, analisa.
Atualmente, a superintendência da PF do RJ é comandada pelo delegado Carlos Henrique Oliveira de Souza e a PRF, pelo delegado Silvinei Marques.
Edição de Ju Abe. Texto original de Marcelo Hailer, via Revista Fórum.
Uma resposta para “Bolsonaro, Wassef e a influência na PRF da câmara de gás”
25 pessoas assassinadas no RJ por policiais está ganhando repercussão nacional, mas depois do assassinato de agentes de segurança publica no Para este mes, foram assassinados mais de 100 pessoas pela policia militar e civil, alegando troca de tiros, mas internamente essas pessoas estão sendo eliminadas como sendo ligados as mortes dos policiais. Quem vai investigar esses mais de 100 assassinatos?