Suspeito de envolvimento em desaparecimento de Dom Phillips e Bruno Pereira é preso no Amazonas; há indícios de emboscada

Greenpeace afirmou que o fato se deu em razão do “aprofundamento da política anti-indigenista promovida pelo atual governo”

Dom Philips e Bruno Araújo Pereira (Foto: Reprodução)

Um homem suspeito de envolvimento no desaparecimento do indigenista Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips foi preso pela Polícia Militar do Amazonas. O suspeito é conhecido como Amauri e tem um histórico de ameaças a indígenas.

As informações foram publicadas pela edição do jornal Bom Dia Brasil, da Rede Globo, na manhã desta quarta-feira, 8. Segundo a reportagem, houve uma pressão para que Amauri fosse solto, por ausência de provas de envolvimento no crime, mas ele foi preso em flagrante pelas sucessivas ameaças que já fez a indígenas da região.

“Ele estava fazendo, nesse momento, uma ameaça à equipe dos indígenas que estava em busca. Isso foi considerado um flagrante”, disse a jornalista Miriam Leitão ao Bom Dia Brasil.

Dom Phillips com o presidente da República, Jair Bolsonaro, durante café da manhã com Jornalistas. Foto: Marcos Corrêa/PR

Emboscada

Na tarde desta sexta-feira, os jornalistas Elaíze Farias e Eduardo Nunomura, do Amazônia Real, publicaram, em reportagem, relatos de testemunhas que teriam tido contato direto com Bruno e Dom, durante a missão que resultou no desaparecimento dos dois.

Uma fonte indígena teria afirmado que o jornalista britânico e o indigenista da FUNAI foram vítimas de uma emboscada.

Segundo o Amazônia Real, desde sexta-feira (3), a citada testemunha está fazendo parte de uma equipe de 13 vigilantes indígenas que acompanhavam o jornalista e o indigenista pela região do Vale do Javari, em Atalaia do Norte, no Estado do Amazonas, na fronteira com o Peru.

Tão logo tiveram conhecimento do desaparecimento dos dois no domingo (5), o grupo iniciou as buscas, porém sem sucesso. Os indígenas, segundo a fonte, alertaram sobre os riscos de Bruno e Dom seguirem sozinhos pelo rio Itacoaí.

A suspeita dos moradores locais, é de que pessoas que trabalham para narcotraficantes teriam agido para armar a emboscada.

“São 4 cabeças, se não me engano, e todos trabalham com narcotraficantes. Eles pescam para alimentar o narcotráfico. São muito perigosos. Eles foram apreendidos com muito tracajá, pirarucu, que tiraram da área indígena.” , disse a testemunha que não quis se identificar, por motivos de segurança. Na região, existe a atuação de narcotraficantes peruanos e colombianos.

O que aconteceu no dia do desaparecimento

Segundo o indígena ouvido pelo Amazônia Real, Bruno e Dom foram recebidos pela mulher de “Churrasco”, presidente da comunidade ribeirinha “São Rafael”, no domingo (6).

Depois, seguiram viagem em um barco da Funai com motor de 40 HP. A testemunha teria afirmado que nesta comunidade, tinha uma embarcação de 60 HP, que teria sido fornecida por narcotraficantes para os homens envolvidos com o narcotráfico. Com um motor dessa potência, seria muito fácil alcançar o barco do jornalista e do indigenista pelo rio.

A suspeita, segundo essa fonte, é que “um traficante mandou o 60 (HP do motor) para lá exatamente esperando a vinda do Bruno, porque com certeza existe informante na cidade (de Atalaia do Norte) e tinha a informação de que o Bruno ia chegar na região”.

Consequências do descaso

Desde que o caso ganhou repercussão nacional e internacional, diversas entidades civis e ambientalistas têm se manifestado.

Segundo o Greenpeace, o desaparecimento do indigenista e do jornalista britânico “se deu em meio ao aprofundamento da política anti-indigenista promovida pelo atual governo” . A entidade ambientalista afirmou que o afrouxamento de normas, a retaliação a servidores de agências ambientais, a paralisação dos processos de multas e o estrangulamento orçamentário de órgãos como a Funai e o ICMBio, contribuem para esse estado beligerante na região Norte.

“Sem o menor constrangimento, o Brasil de Bolsonaro dá licença política e moral para que atividades predatórias se reproduzam à luz do dia, especialmente na Amazônia”, acrescentou.

Com informações de G1 e Amazônia Real.

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