Reprodução Globonews
Em entrevista concedida na manhã desta quarta-feira e transmitida na edição das 18 da emissora Globonews, o presidente Lula revelou suas percepções particulares sobre os acontecimentos em Brasília de 8 de janeiro.
Inicialmente, Lula disse à jornalista Natuza Nery que acredita que houve conivência na entrada dos invasores: “Eu liguei pro general Gonçalves Dias, que é o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e eu dizia ‘ô ministro, onde é que estão os soldados?’ Porque eu não via soldado, eu só via gente entrando, eu não via soldado reagindo. E eu fui ficando irritado porque não era possível a facilidade com que as pessoas invadiram o palácio do presidente da república, e na verdade, eles não quebraram pra entrar, eles entraram porque a porta estava aberta. Alguém de dentro do palácio abriu a porta pra eles, só pode ter sido. Houve conivência“, disse ele, acrescentando que os depoimentos revelam que houve planejamento profissional para um efetivo golpe de estado:
“Aqueles que vieram aqui, Natuza, era gente muito profissional. Tinham pessoas que eram militantes comuns, mas o dado concreto é que, segundo todo depoimento, as pessoas que vieram aqui eram profissionais. As pessoas conheciam o Planalto, as pessoas conheciam o Poder Judiciário, as pessoas conheciam a Câmara dos Deputados. Não foi nenhum analfabeto político que invadiu isso aqui. Era gente que preparou isso durante muito tempo”.
Em seguida, Lula disse que sua percepção foi a de que realmente houve tentativa de golpe, com participação de Bolsonaro. “Eu fiquei com a impressão de que era o começo de um golpe de estado. Eu fiquei com uma impressão de que o pessoal tava catando ordem que o Bolsonaro deu durante muito tempo. Durante muito tempo ele mandou invadir a Suprema Corte, muito tempo ele desacreditou do Congresso Nacional, muito tempo ele pedia que o povo andasse armado”, disse.
Em relação à lei de Garantia da Lei e da Ordem, a GLO, que daria aos militares o poder de ação na situação, que chegou a ser cogitada como solução para conter os atentados, Lula disse que fez questão de manter-se no comando da situação, rejeitando a opção de passar aos militares o controle:
“Quando fizeram GLO no Rio de Janeiro, o Pezão, que era o governador na época, acabou virando uma rainha da Inglaterra. Eu tinha acabado de ser eleito presidente da república (…), eu não ia abrir mão de cumprir com minhas funções, e exercer o poder na sua plenitude, foi por isso que eu decidi que nós não fizéssemos GLO e eu decidi que a gente fizesse intervenção (no DF)”, disse o petista.
Em seguida, Lula fez questão de se comprometer pessoalmente em relação à punição dos responsáveis pelos atentados terroristas:
“Eu posso te dizer que todas as pessoas que invadiram, que fizeram algum estrago no Palácio, no Congresso, no Senado ou na Suprema Corte, essa gente tem que ser condenada”, garantiu, acrescentando: “com a democracia não se brinca”.
🚨Lula afirma que o terrorismo em Brasília foi feito por gente profissional.
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— Ronny Teles ✊🏼 (@RonnyCombate) January 18, 2023
Com informações de G1. Edição de Ju Abe.