Sérgio Domingues [Pílulas Diárias]
“Parceria CNI-igrejas derruba votação para tributar fortunas” diz reportagem de Evandro Éboli publicada pelo Globo, em 09/05. A matéria refere-se a parceria entre a entidade que representa grandes empresários e parlamentares católicos e evangélicos. Seu objetivo? Impedir a aprovação de uma contribuição sobre grandes fortunas pelo Congresso Nacional.
A reportagem explica que a nova contribuição geraria recursos que seriam destinados exclusivamente para a saúde. O interesse dos religiosos seria evitar a chegada desses recursos para outro projeto, que tramita há anos no Congresso e que cria direitos previdenciários para dependentes de homossexuais.
Já a CNI pretende impedir a taxação das fortunas de seus associados, obviamente. Éboli explica que a proposta cria nove faixas de contribuição. A primeira atinge patrimônios acima de R$ 4 milhões e a última atinge os que ultrapassam R$ 115 milhões.
O que mais espanta é o minúsculo número dos que seriam atingidos: 38 mil pessoas. Ainda segundo a matéria, o novo tributo renderia “R$ 14 bilhões a mais para a saúde por ano”. Mas desse total, R$ 10 bilhões viriam de apenas 600 pessoas.
Opor-se à taxação de milionários em nome do bloqueio à cobertura previdenciária para homossexuais. Eis aí uma causa nada nobre a unir as cúpulas católica e evangélica ao grande capital. Difícil imaginar pacto mais carregado de pecados. Talvez, ajude a explicar a secular injustiça social que atinge um país que se orgulha de ter Deus como conterrâneo.
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