“Pacote do Veneno” tramita agora na Câmara, entenda como ela pode acelerar a destruição da Amazônia

Por Ju Abe

Está prevista pra esta quarta-feira na Câmara Federal dos Deputados, o início da votação do projeto de lei 6.299, conhecido como “Pacote do Veneno”, que flexibiliza as regras de controle de uso de Agrotóxicos pelos grandes produtores, no Brasil.

O presidente Arthur Lira, que participa da base do governo Bolsonaro, colocou hoje a pauta para ser votada na Câmara, ignorando os apelos da sociedade civil e órgãos de proteção ambiental que têm reagido energicamente contra a medida.

O Movimento do Trabalhadores Sem-Terra, o MST, disse, em seu Twitter: “Arthur Lira quer ignorar a sociedade e colocar o Pacote do Veneno na pauta! Ele e sua boiada querem jogar mais veneno na nossa comida e no campo!” .

“Câmara dos Deputados, tirem o Pacote de Veneno de votação. Se aprovado, vai causar mais doenças e aprofundar a fome, a destruição ambiental e a violência no campo. #NãoAoPacoteDoVeneno”, manifestou-se o Greenpeace, também no Twitter.

Vários artistas e personalidades também manifestaram-se contra a votação da medida como Paolla Oliveira, Bruno Gagliasso, Bela Gil, Paola Carosella, entre outros.

Se a medida for aprovada, órgãos de fiscalização dos agrotóxicos, como IBAMA e Anvisa, podem perder seu poder de controle. As substâncias tóxicas seriam fiscalizadas apenas pelo Ministério da Agricultura.

Além de altamente nocivos à saúde humana, com substâncias cancerígenas, especialistas afirmam que os agrotóxicos são também extremamente nocivos para o Meio Ambiente, colocando em risco a vida das florestas brasileiras, num momento em que discussões sobre mudanças climáticas estão no centro das pautas mundo afora, e a Amazônia é a maior promotora de equilíbrio climático do planeta.

Robledo Guimarães, do Instituto de Geociências da UFPA e doutor em Geoquímica Ambiental, diz que o uso de agrotóxicos pode prejudicar a reprodução de seres vivos, além de contaminar o solo, as águas, e prejudicar a Cadeia Alimentar.

“O DDT, por exemplo, é muito nocivo ao Meio Ambiente”, explica Robledo, relatando que espécies como a Águia-calva que têm mais possibilidade de acumular o DDT no organismo devido à sua condição de predadora no topo da Cadeia Alimentar, ao absorverem o DDT, colocam ovos pobres em cálcio, e portanto, os ovos não conseguem ser chocados pelo pássaro, prejudicando a reprodução da espécie.

Os agrotóxicos possuem moléculas não-biodegradáveis, permanecendo nos solos, nas águas e atravessando organismos na Cadeia Alimentar, segundo o pesquisador. Robledo acredita também que a liberação sem controle de substâncias proibidas no resto do mundo, algo que já tornou-se realidade durante o governo Bolsonaro, pode prejudicar a economia do país, pois coloca em risco a imagem das comodities produzidas pelo Brasil , diante do Mercado Internacional.

Bela Gil, Leandra Leal, Fernanda Paes Leme, Paola Crosella, Bruno Gagliasso e Letícia Spiller são alguns do artistas que participaram do “Tuitaço” contra a PL 6.299 , na manhã desta quarta-feira.

Veja o vídeo com os deputados que apoiam a PL 6.299

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