Transição de Lula aposta no desenvolvimento regional para a preservação da Amazônia

Deputado Zé Ricardo (PT-AM) foi convidado a integrar a transição na área de desenvolvimento regional – Divulgação/Assessoria de imprensa

Endurecer a fiscalização ambiental não será suficiente para cumprir a proposta de “desmatamento zero” feita por Lula. Existem desafios regionais complexos que precisam ser superados, como o desenvolvimento de projetos que ofereçam alternativas concretas de renda a famílias que, em muitos casos, são empurradas para o crime ambiental pela falta de perspectiva econômica.

“Esse é o maior desafio”, resume o deputado federal Zé Ricardo (PT-AM). Para ele, a principal causa do aumento da criminalidade ambiental entre os povos da Amazônia é a ausência da ação governamental nestas áreas, acentuada durante o governo Bolsonaro.

Ele integra a transição de governo na área de desenvolvimento regional e defende o fortalecimento de uma “nova economia” da floresta, baseada na produção de alimentos e na industrialização de produtos típicos da região.

O Amazonas tem tudo muito concentrado na capital. A economia é baseada na Zona Franca [de Manaus], nos incentivos e nas indústrias. Mas não há incentivos para as indústrias que trabalham com frutos regionais. Eu vou defender que se possa ter setores da economia novos, principalmente na produção de alimentos, em uma escala talvez maior, como é o caso do peixe, que pode gerar emprego no interior e na capital”, disse o deputado em entrevista ao portal Brasil de Fato

Enfraquecimento da bancada ambiental é desafio atual

Zé Ricardo falou sobre o enfraquecimento da bancada de esquerda nas últimas eleições, o que enfraquece a pauta ambiental, visto que os partidos de esquerda são os que mais defendem estas causas.

“Nós tivemos um grande retrocesso na Amazônia como um todo. Praticamente acabou a representação parlamentar da esquerda que mais defende a pauta ambiental, que defende um desenvolvimento que não vai afetar negativamente a vida das pessoas. Do Amazonas eu era o único com essa pauta. O Acre perdeu deputados com esse perfil. Roraima tinha a deputada Joênia [Wapichana, não reeleita]. Mato Grosso tinha a Rosa Neide. E também tem o Célio Moura em Tocantins, Camilo Capiberibe e a professora Marcivania no Amapá. Rondônia perdeu deputados de esquerda. No Acre foram dois parlamentares [de esquerda perdidos]”, enfatizou.

Entretanto, o integrante Amazonense da equipe de transição vê com otimismo a eleição de Lula, para a preservação da Amazônia. Para ele, o presidente eleito pode frear o desmatamento, embora o maior desafio seja, em paralelo ao emergir da economia ambiental, a atenção necessária a projetos de desenvolvimento regional, que abranjam as complexidades da região: “Eu acredito que os crimes ambientais vão ser freados. Mas é preciso ter em paralelo um projeto de desenvolvimento. Mesmo tendo parlamentares com esse perfil mais à direita, o governo tem a sua proposta “, disse.

Com informações de Brasil de Fato. Edição de Ju Abe. 

Deixe uma resposta