Mais de 200 jovens, adultos e idosos são alfabetizados pelo programa que visa Belém livre do analfabetismo

“Sim, eu posso ler e escrever. Esse é um direito que vamos defender”. Foi com essa afirmação que alunos e professores deram início à cerimônia de certificação e formatura dos 208 estudantes do Alfabetiza Belém, um dos programas prioritários da gestão municipal, que quer tornar a capital paraense livre do analfabetismo até 2024. O evento ocorreu na tarde deste sábado, 6, no auditório Benedito Nunes, da Universidade Federal do Pará (UFPA).

Os formandos foram alfabetizados pelo método “Sim, Eu Posso!”, no período de dezembro de 2022 a março de 2023, coordenado pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

A idosa Olávia Damasceno Sanches, de 92 anos, é moradora da Ilha de Cotijuba, e chegou cedo para participar da cerimônia certificação. Emocionada, não acreditava que um dia chegaria a viver a experiência de ser certificada por a prender a ler e escrever. Para ela, a idade “é uma bênção, mas ser alfabetizada na fase adulta não é fácil. Então é um prazer e orgulho estar aqui”, comentou.

Marcileia Lemos Macedo, de 47 anos, também moradora de Cotijuba, não conseguia conter as lágrimas por causa da conquista de ter dado os primeiros passos no caminho da leitura e da escrita. “Eu agradeço a Deus e também a minha professora Denise (Freire). Se não fosse eles não estaria aqui. Eu quero terminar os meus estudos para ensinar as outras pessoas sentirem a emoção dessa conquista”.

A força do Alfabetiza Belém esteve perceptível no depoimento de um a um dos formandos. Este foi o caso da, agora alfabetizada, Enilde Carneiro Baeta, de 64 anos. Ela trabalhou a vida toda como empregada doméstica e, até fazer parte do programa, não teve a oportunidade de aprender as primeiras letras para escrever e ler seu nome.

“Agora eu aprendi a ler e a escrever graças a Deus. Quando me ofereceram essa oportunidade peguei com as duas mãos. Eu já até me matrículei na escola e vou começar na segunda-feira (8 de maio)”, contou feliz Enilde.

Presente na cerimônia, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues, acompanhou entusiasmado a certificação. “Queria agradecer a todo mundo que ajudou para esse momento ser concretizado. O nosso sonho é que Belém seja a primeira cidade brasileira a gritar que é território livre do analfabetismo e nós podermos ser a cidade referência no Brasil, por ter vencido o analfabetismo. Estamos juntos pela educação de qualidade e queremos mostrar a nossa força”, enfatizou.

Garantia de cesso à educação

O Alfabetiza Belém, iniciado em 2021, tem o objetivo de alfabetizar jovens, adultos e idosos que, por algum motivo, não tiveram acesso à educação. Além do MST, o programa conta com a parceria de instituições do ensino superior. Atualmente, o programa está presente em 38 escolas, atendendo 1.450 estudantes.

Além das 208 pessoas certificadas neste sábado, no ano de 2022 foram alfabetizados 1.055 estudantes na modalidade da Educação de Jovens, Adultos e Idosos (Ejai). A previsão para 2023 é alfabetizar mais 3.258 pessoas.

A secretária municipal de Educação, Araceli Lemos, ressaltou a importância das pessoas participarem do Alfabetiza Belém. “Não há como não se emocionar nesta tarde. Vocês estão oferecendo uma alegria imensa para o Prefeitura e à Secretaria”.

A direção nacional do MST, representada por Jane Cabral, destacou os resultados do “Sim, Eu Posso!”. “Nos alegra muito ver vocês hoje aqui, porque a educação só nos serve se ela for libertadora. Nós queremos pessoas conscientes e que lutem pra que não tenha mais opressores nesse mundo. Enquanto MST, agradeço aos que aceitaram o desafio de estudar”, concluiu.

Via Agência Belém – Fotos: João Gomes

Deixe uma resposta