Sérgio Domingues (*)
Que tal trabalhar quase de graça para um poderoso monopólio de comunicações?
É só participar do projeto “Parceiros da Globo”. Trata-se de reportagens feitas por telespectadores. Por enquanto, vem sendo implantado no Rio e em São Paulo. Em breve, em Brasília.
Na capital fluminense, o projeto “Parceiros do RJTV” conta com 16 colaboradores de “comunidades cariocas”. Na capital paulista, trabalham para o SPTV 14 moradores de sete regiões com diferentes graus de instrução e classe social.
Segundo a emissora, seria uma forma de dar voz aos cidadãos. Não é o que pensa o Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro. Carta da entidade enviada à Globo afirma que:
“…repórteres e repórteres cinematográficos estão sendo substituídos por jovens inexperientes submetidos a um rápido treinamento, e a baixo custo, numa precarização inadmissível do mercado de trabalho”.
Tudo leva a crer que a razão está com a entidade sindical. Aliás, essa prática já vem acontecendo de modo informal. E não só na Globo. É só acompanhar a programação das TVs e rádios para verificar o uso intensivo de material enviado por “repórteres” e “artistas” voluntários.
São milhares de imagens e áudios enviados às emissoras. Uma verdadeira fonte de informações e criatividade à disposição da grande mídia. De vídeos de crianças e animaizinhos a boletins de trânsito e registros de tragédias e acidentes. Tudo com uma embalagem colaborativa e cheia de ares festivos. Quase tudo a custo zero.
O pior é que vendem isso como uma espécie de democratização das telecomunicações. Não passa de exploração combinada com enganação ideológica.
Sérgio Domingues – Militante social e partidário (PSOL). Membro do coletivo Revolutas.