Vocalista da banda Scambo faz protesto em show e leva movimento contra a construção da Usina de Belo Monte ao palco
Camila Vieira_247 – Durante o show da banda Scambo ocorrido na noite deste domingo (10) no Bahia Café Hall, o grupo investiu num manifesto organizado na internet e levou pessoas do movimento contra a usina hidrelétrica de Belo Monte a expor sua indignação. O Governo Federal já liberou a construção da obra, prevista para ser implementada em um trecho de 100 quilômetros no Rio Xingu, onde vivem mais de 20 etnias indígenas.
O grito de guerra do movimento na capital baiana levou muitos fãs da banda a aplaudir a atitude. Num ato simbólico, o vocalista Pedro Pondé quebrou um aparelho de televisão para protestar contra a falta de informação e formação do veículo. “Minha função é informar, já que a TV não informa”, afirmou ao Bahia 247. O cantor contou que a produção do evento não sabia do rápido protesto até porque o que ele fez, como artista, foi manifestar posição contrária a do governo. E ato político não precisa de autorização.
Durante a intervenção, os membros da banda começavam a tocar ‘Carcará’. A música encaixou perfeitamente com o protesto contra Belo Monte: “A voz da minha gente se levantou/ e a minha voz junto com a dela/ tenho certeza que os donos da terra/ ficariam muito mais contente/ se não ouvisse a minha voz/ a minha voz não pode muito/ mas GRITARR../ e eu bem gritei… eu bem gritei.. bem gritei / ‘é um tempo de guerra, é um tempo sem sol…'”.
E gritou: Belo Monte, não! “Para provar que baiano não é burro, não é acomodado e não é preguiçoso, aqui temos o movimento contra Belo Monte também”.
Prejuízos
Movimentos sociais, lideranças indígenas e Ministério Público são contrários à usina por considerar que ela vai levar sérios danos à comunidade e natureza local. Os impactos socioambientais não estão suficientemente dimensionados e os índios da região reclamam que não foram consultados. Pessoas contrárias afirmam se tratar de um desastre anunciado.
Basta lembrar a Usina Hidrelétrica de Balbina (AM), idealizada na ditadura militar e inaugurada em 1989. Na época, ela custou US$ 1 bilhão e inundou 2,6 mil quilômetros quadrados de florestas nativas, criando um dos maiores lagos artificiais do mundo. Como consequencia, aproximadamente um terço do total da população indígena Waimiri-Atroari teve que ser transferida para outras partes da Reserva Indígena. As águas do imenso lago estavam produzindo apenas de 120 MW a 130 MW de energia. Este ano, a última comporta foi fechada. As comportas são abertas quando aumenta o regime de chuva na região, como aconteceu no mês de maio.
E Belo Monte não passou despercebida pela estupidez humana. A Bacia Hidrográfica do Rio Xingu corre o risco iminente de se tornar um depósito de megavates caro – social e ambientalmente insustentável. Ela está projetada para se tornar a segunda maior do país, atrás apenas da binacional Itaipu, mas, como nem tudo são flores, a verdade é outra. A Eletronorte, empresa que vai operar usina hidrelétrica de Belo Monte, vende seu peixe afirmando que a usina funcionará com 11.182 MW de potência. No entanto, é sempre importante ressaltar, só vai operar com esta potência durante três meses do ano. Nos demais meses, a água disponível vai possibilitar energia firme de 4.670 MW, com capacidade de pouco mais de 40%. Isso torna essa energia caríssima para viabilizar o investimento total.
O Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) faz denúncias de violação dos direitos humanos, afirmando que haverá impactos para a saúde, meio ambiente, cultura e o possível deslocamento de comunidades indígenas. Em junho deste ano, o movimento enviou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA) uma petição na qual lista as supostas ilegalidades cometidas no processo.
www.bahia247.com.br publicou
Uma resposta para “Belo Monte, não. Salve o Xingu!”
UM SONORO NÃO
À BELO MONTE
Antes de mais nada, esses versos
São pra dizer à Consciência Nacional
Que o verdadeiro Ordem e Progresso
Se principía no respeito ambiental
Dizer “não” à projetos impactantes
Que agridem os Filhos dessa Nação
É ser contra iniciativas degradantes
Que só trazem vantagens pra patrão
Belo Monte, projeto sujo faraônico
Irá produzir gás metano também letal
Ene vezes mais nocivo que o carbônico
Piorando mais o aquecimento global
E diante desse projeto degradativo
Povos da nossa amazônica região
Apresentam infinidades de motivos
Pra dizerem claramente sonoro “não”
Além dos desassossegos terríveis
Provocados por essa mega construção
Ela trará Impactos Irreversíveis
Nos rios, na fauna, na vegetação
Belo Monte um projeto tão perverso
Que agredindo os Movimentos Sociais
Já enfrenta toneladas de processos
Inclusive em Cortes Internacionais
Em torno do rio Xingu têm etnias
Gente linda, guerreira, de bem
Que vive sem aquela maldita mania
De tá cobiçando algo de alguém
Gente amiga dos rios, das matas
Ao contrário de uma raça chacal
Reacionária, nojenta, tecnocrata
Sanguessugas no Planalto Central
A gente do Xingu que hoje clama
Contra esse monte de complicação
Jamais se envolveu em mar de lama
do IBAMA, de cuecas, de mensalão
O próprio Xingu irmão dos ventos
Vive hoje cheio de preocupação
Vendo peixes, principal alimento
Com risco de diminuiçao, extinção
O Xingu das Comunidades Primitivas
Vê o governo negando a participação
De Lideranças Indíginas nas OITIVAS
“a obrigatória mesa de negociação”
Negando a participação de lideranças
A respeito da faraônica construção
Governo comete outra grande lambança
Contra os históricos donos desse chão
E a Estrela Vermelha que no passado
Foi tão defensora da causa ambiental
Hoje em caravana caminha lado a lado
Com empreiteiras companheiras do capital
Caminhando lado a lado com empreiteiras
Cujo compromisso é poluir, devastar
Tal Estrela comete as mesmas sujeiras
Políticas do período de regime militar
Ah, Vermelha, ex Estrela libertária
A poesia hoje tristemente te vê
Caminhando com gentalha reacionária
É uma pena que o poder cegou você
Os verdadeiros amigos do rio, da mata
Sabem que o belo monte de enganação
Longe de gerar energia limpa e barata
Irá levar super tarifa pra população
Aqui temos os maiores especialistas
Gente que entende de Constituição
E temos os nativos ambientalistas
Que sabem tudo sobre essa região
Gente que quer viver tranquilamente
No direito divino do USOCAPIÃO
E que é conhecedora perfeitamente
Dos riscos de catastrófica inundação
Que deixem o rio Xingu e suas matas
Lá no lugar devido, recanto da paz
E façam usinas onde o raio parta
Os gabinetes burocratas ministeriais
Que o IBAMA fiscalize as muitas tramas
em torno de si e dessa suja construção
e busque interferir nos rios de lamas
nas beiradas da negociata, corrupção
Jetro Fagundes
Farinheiro Marajoara