Rio Xingu
O rio se estende
até onde o olhar
se perde
no encontro perfeito
da verde mata
com o infinito azul
O rio serpente
entre as matas
volteia
se torna estrada
para quem vai
e para quem vem
O rio brinquedo
da criançada
que se banha
na felicidade pura
em seu imenso
parque de diversões
O rio semente
que sacia
a fome da gente
com tamanha fartura
de alimentação
Que será de ti
ó gigante das águas
quando chegar a morte
e a destruição?
O que será da estrada
longa e infinda
caminho das águas
que liga tanta gente
na imensidão?
O que será do imenso
parque de diversões
das crianças
e dos adultos,
crianças também
nas águas do rio
onde vão brincar?
Com a morte do rio
que chega rasteira
e certeira
a fome virá
e a destruição dos povos,
verdadeiros donos
das terras
e das águas
Um grito se levanta
ecoa no ar
corta a floresta
atravessa a estrada
corre pelo rio
É a guerra declarada
contra o progresso de morte
é a resistência do sangue da terra
que sem sua semente
sua fonte de fecundação,
vai fenecer
A usina da morte
vai mudar tudo
transformar paisagens
envenenar o rio
ela traz em seu rastro
a fome
a peste
a guerra
e aí enterra
todos os filhos do Xingu,
que somos todos nós
Queremos a vida
das matas
dos bichos
das águas
dos povos
Queremos o Xingu
vivo
e fecundo
fonte de Vida
Salvemos o Xingu
da ganância do homem,
do progresso de morte!
Salvemos o Xingu,
Vida para todos nós!
(07/09/2011)
* Cristina Autran é enfermeira, artesã, poetisa e blogueira nas horas vagas. [Flores de maio]
* A foto é de Tarcísio Feitosa, do Movimento Xingu Vivo – Comitê Metropolitano.