Guilherme Carvalho | Grandes projetos de infraestrutura, conflitos e violação de direitos na Pan-Amazônia

[Guilherme Carvalho]

Talvez estejamos nos debatendo com dilemas parecidos aos enfrentados pelo prisioneiro da caverna, tão brilhantemente explorados por Platão na sua obra A República: subirmos até a entrada da caverna e enfrentarmos a intensa dor nos olhos para termos uma visão mais aproximada do real ou, ao contrário, nos guardarmos na comodidade do conhecimento já obtido e tomarmos as aparências como a expressão mais próxima do mundo existente?

A “dor nos olhos” está relacionada à necessidade imperiosa do diálogo entre as diferentes ciências para apreendermos da melhor maneira possível o real em sua complexidade que, como nos explicou Edgar Morin (1996, p. 248), é “aquilo que é tecido em conjunto”, e que “pensar a complexidade é respeitar este tecido comum, o complexo que ele constitui, para além de suas partes”. Contudo, a “dor nos olhos” não está restrita à academia, já que os movimentos sociais também precisam abrir-se ao maior diálogo entre si para enfrentar de maneira mais conseqüente os desafios dessa complexa realidade. E ambos necessitam estabelecer canais de diálogo permanentes. O dado positivo é que parcelas crescentes da academia e de movimentos sociais engajados na construção da resistência à globalização capitalista resolveram romper os muros que os separam interna e externamente: há cada vez mais grupos de pesquisa envolvidos em trabalhos interdisciplinares e em parcerias com sindicatos, organizações indígenas e outros, bem como há mais atores sociais articulando-se em redes, fóruns e movimentos.

Este artigo não é a luz de que fala Platão no Mito da Caverna. Seria muita pretensão, ou mesmo devaneio total. No máximo, é a tentativa de provocar uma minúscula fresta em meio meio a tantas análises existentes, com qualidade reconhecida, sobre questões que consideramos importantes para a Pan-Amazônia.

Atigo publicado originalmente na Revista Latinoamericana de Derecho y Políticas Ambientales. Año 2, N°. 2, Agosto de 2012.

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