
O ex-deputado federal Wladimir da Costa Rabelo (Solidariedade-PA) foi condenado a indenizar uma jornalista de Brasília, após proferir ofensas à profissional de forma pessoal e pelas redes sociais. Ele deve pagar R$70 mil pelos xingamentos feitos em diferentes ocasiões, todos de cunho machista.
A matéria é de Natália Lázaro, colaboração para o UOL, em Brasília.
Com primeira ofensa proferida em 2017, a jornalista Basília Rodrigues, hoje repórter da CNN, fez uma pergunta ao ex-parlamentar enquanto exercia sua profissão e teve como resposta um comentário agressivo e jocoso sobre seu corpo.
Em seguida, ele publicou fotos da repórter em sua página no Facebook “com agressões depreciativas, ferindo a honra objetiva e subjetiva da autora”, segundo sentença do juiz João Luis Zorzo.
“Por assédio (creio que deva ser por um suposto assédio moral, porque assediá-la sexualmente ninguém irá acreditar, pois basta ver as fotos da mesma e todos irão ver que ela foge totalmente dos padrões estéticos”, escreveu, na época, o então parlamentar.
Em defesa, o ex-deputado alegou que as falas foram “do terreno da ironia recreativa”. Quanto ao texto publicado nas redes contra a jornalista, Wladimir alegou que agiu “em legítima defesa de sua honra e imagem”, em resposta a artigo escrito pela repórter sobre ele titulado de “um ensaio sobre a idiotice”.
Porém, segundo sentença assinada pelo magistrado João Zorzo, Basília estava em exercício da profissão quando o questionou sobre uma tatuagem que mostrava a aproximação com então presidente da República.
“Como se observa, a autora estava no exercício de sua profissão de jornalista da rádio CBN, em ambiente público, acompanhada de outros jornalistas que buscavam divulgar informações sobre a tatuagem realizada pelo requerido com o nome do então Presidente Temer”, escreveu o juiz.
Na sentença, ele ressaltou a demasia de ofensas proferidas pelo acusado e disse que sua fala contra a repórter foi “burlesca e vexatória”.
“É inconcebível, em pleno século XXI, que a capacidade laborativa de uma pessoa seja, de forma aviltante, reduzida a um interesse por ver o corpo desnudo do réu, isso, por si só, viola o próprio direito de dignidade da Autora em seu ambiente de trabalho”, seguiu.
Zorzo apresentou, inclusive, qual postura o parlamentar deveria ter tido ao ser questionado pela jornalista. Zorzo apresentou, inclusive, qual postura o parlamentar deveria ter tido ao ser questionado pela jornalista. “Ora, se a pergunta incomodou o entrevistado, bastava dizer que não mostraria a tatuagem, sem erotizar a resposta dirigida a uma profissional mulher em um ambiente, ainda, predominantemente masculino”, analisou.
A defesa do ex-deputado não foi localizada pela reportagem. Caso entre em contato, o espaço permanecerá aberto para posicionamento.