Agência Distrital incentiva criação de novas cooperativas em Mosqueiro

Viveiros de mudas do Assentamento Paulo Fontelles. As mudas são distribuídas para comunidade.

A Agência Distrital de Mosqueiro (Admos) incentiva a abertura de novas cooperativas de trabalho para diferentes ramos de atividades econômicas surgidas nesse período de pandemia e de escassez de recursos.

Ao menos duas grandes iniciativas estão dando os primeiros passos: a primeira de coleta de material reciclável (Cooperemos), que foi lançada neste final de semana, e a Coopam, de agricultores, pecuaristas, extrativistas, pescadores e artesãos. Esta segunda se encontra em fase de estudos e de visitação nas comunidades rurais e agrícolas da ilha.

Segundo o coordenador dos trabalhos, Augusto Cesar Silva, a Coopam vai nascer gigante, considerando o potencial de mercado que os cooperados poderão abranger. Ao todo são 38 comunidades, das quais Silva já visitou onze, mas ele diz não ter pressa, pois, quer realizar um trabalho sério e de grande proporção econômica aos assentamentos rurais de Mosqueiro.

As cooperativas são ambientes econômicos que visam à melhoria do coletivo, de renda, criatividade, das afirmações, interesses e dificuldades. Pautadas em valores morais e educativos, as cooperativas também enxergam cada pessoa como ser livre, soberano e capaz de realizar seu próprio desenvolvimento e da comunidade.

Para a agente distrital, Vanessa Egla, que participou do lançamento da Cooperemos, as cooperativas são desafiadoras e de grande importância para o crescimento humano e da economia local. No caso de Mosqueiro, que possui vasto potencial turístico, gastronômico, cultural, agrônomo entre outros, o apoio público à ideia é muito bem-vindo.

“Nós estamos há dois meses trabalhando na criação da Coopam com total apoio da Agência e, isso, é fundamental para chegarmos à meta de envolvimento das comunidades”, destaca Augusto César, um estudante de Agronomia que está à frente da mobilização. Ele mora com a família no Assentamento Paulo Fontelles.

Potencial – A Coopam ainda não nasceu juridicamente, mas já possui uma Minuta de Contrato com a Faculdade Adventista da Amazônia (Faama) para fornecimento da produção. Tem potencial para ser um negócio lucrativo ao que existe na região, onde as famílias produzem e comercializam de forma individual. “A gente observa que os trabalhadores saem cada vez mais cedo de suas casas para conseguir vender seus produtos. Com a cooperativa, isso não existirá, todos terão mercado garantido por meio de contratos e segurança jurídica”, explica Augusto César.

Além da comercialização da produção, a cooperativa se propõe a fornecer atendimento jurídico, de orientações para acesso ao crédito rural e de informações sobre cadastro da Previdência Social, entre outras instituições públicas federais de assistência agrícola, que subsidiam o trabalho do homem do campo, mesmo aqueles que nada produzem. Por parte da Agência Distrital, a parceria envolve o uso de máquinas agrícolas e ações de terraplanagem.

A Coopan quer ser modelo de um negócio altamente rentável. Segundo Augusto Cesar, todas as ilhas de Belém têm potencial agricultável. Só Mosqueiro, segundo ele, tem extensão territorial 47% maior que Belém, mas sofre com um comércio desordenado, gerando prejuízos para quem está na ponta inicial da cadeia do segmento. “Precisamos mudar essa realidade, a partir do convencimento dos produtores sobre a importância da cooperativa para comercialização da produção”, ressalta. Em dois meses, Augusto Cesar já conversou com 104 pessoas das comunidades Mari-Mari 1, Fazendinha e Caruaru. “Esses grupos demonstraram interesse, mas ainda faltam 27 para encerrar nossos diálogos”, enfatiza.

Trabalho – Para quem vive nas áreas de assentamentos rurais de Mosqueiro, a rotina começa bem cedo. No Assentamento Paulo Fontelles, por exemplo, moram mais de cem famílias de pequenos produtores, como Miguel Ricardo Filho, mais conhecido como “Morfy”, que chegou ao local há 16 anos. É um dos pioneiros e conhecedor da história do assentamento. “Quando chegamos aqui éramos sessenta famílias, hoje, são mais de cem porque as famílias cresceram com filhos e netos”, explica.

Casado com Jocileide da Silva Martins, a “Graça”, Miguel Morfy se dedica ao trabalho duro. No terreno, ele tem plantio de abóbora, mandioca, milho e banana no sistema consorciado e também açaí, cupuaçu, cacau e bacuri, este último em sistema experimental de enxerto para produção no tempo médio de três anos.

A produção não se utiliza de agrotóxicos. Por isso, os produtos do “Morfy” têm mercado garantido da linha “in natura”, porém, o rendimento ainda é pouco, mas o suficiente, segundo ele, para manter o lote produzindo. Um viveiro de mudas é mantido para uso próprio e doação do excedente para projetos de escolas agrícolas ou de assentamentos rurais vizinhos de Benevides. “Futuramente, esperamos que a Prefeitura de Belém retorne com o trabalho de assistência agrícola e as feiras da produção da agricultura familiar eram realizadas no Mercado de São Brás”, destaca.

Para quem está interessado em criar uma cooperativa de trabalho, pode procurar a Agência Distrital e convidar a gestora para dialogar.

Contatos: Admos – Rua XV de Novembro – 664 – Vila

Horáro – 8h às 14h

De segunda à sexta-feira.

Selma Amaral – Agência Belém

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