Ensaio Fotográfico de formanda na “baixada” vestindo beca viraliza na internet

Créditos: Bruno Campos

Após conseguir concluir o seu curso de graduação em Serviço Social pela UFPA, a estudante Lais Ribeiro resolveu fazer o tradicional ensaio de formatura de uma maneira diferente.

A formanda decidiu homenagear o seu lugar de origem, a comunidade Irmã Dulce, no conjunto Eduardo Angelin, periferia de Belém. Após compartilhar as fotos em suas redes sociais, os posts viralizaram. Isso porque, segundo ela, muitas pessoas se identificaram com seus desabafos.

Lais contou ao site DOL que seu perfil era privado, mas, a partir do momento em que a publicação começou a ganhar notoriedade, percebeu que várias pessoas se idenficaram com a história. “Decidi abrir as minhas redes sociais para incentivá-las, para que não se sintam sozinhas e que encontrem apoio, como eu encontrei”, ressalta.

Nas fotos publicadas, Laís aparece vestida com a beca e capelo, segurando o canudo do diploma com o nome de seu curso, enquanto caminha em uma rua de “piçarra”, sem asfalto, visivelmente carente de infraestrutura. Na legenda, ela explica o porquê de ter escolhido o ambiente como fundo para o ensaio.

“Eu escolhi fazer as fotos de formatura na minha baixada, porque foi desse lugar onde não passa ônibus, onde Uber não desce e onde não existe saneamento básico que eu caminhei todos os dias rumo à UFPA”, diz a formanda.

Ao site DOL, Laís relatou diversas dificuldades que enfrentou durante o seu curso, e desabafou sobre a  frequente romantização destas mazelas, para alimentação de discursos meritocráticos: “Foi muito difícil terminar essa graduação e não quero que essa dificuldade seja romantizada, porque o discurso da meritocracia é uma farsa. Nem sempre ‘quem quer consegue’, porque estudar sem ter condições financeiras é uma barra e ultrapassar os obstáculos não depende só de nós. Eu fui agraciada por encontrar no meu caminho dentro da UFPA pessoas que me ajudaram a romper as barreiras que as dificuldades financeiras me impuseram. Então não quero que minha história seja usada para reforçar o discurso meritocrático”, diz ela.

Edição de Ju Abe

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