Candidato bolsonarista é suspeito de equipar megaesquema de garimpo ilegal e lavar dinheiro com empresa de Itaituba

Ao ser questionado pela jornalista Sônia Bridi, em reportagem do Fantástico que foi ao ar neste domingo (14), o candidato à uma cadeira no Congresso Federal pelo PL de Jair Bolsonaro Rodrigo Martins de Mello, mais conhecido como Rodrigo Cataratas, disse que não possui nenhuma relação com a Gana Gold, empresa que, assim como ele, é alvo de inquérito da Polícia Federal em crimes relacionados ao garimpo em terras indígenas.

Localizada em Itaituba, sudoeste paraense, a Gana Gold é acusada de legalizar ouro retirado de terras indígenas. Embora o candidato bolsonarista negue relações com a empresa ilegal, a investigação da PF mostra que a empresa transferiu à conta de Cataratas a quantia de 2 milhões de reais. Este foi um dos indícios que levaram a PF a investigar Cataratas por lavagem de dinheiro.

Sempre vestido com as cores do Brasil, o empresário é líder de um movimento chamado “garimpo é legal” no estado de Roraima, conhecido por intimidar funcionários públicos e processar quem o investiga. Dono de uma empresa de aviação, sobre ele pesam seis acusações, entre elas lavagem de dinheiro, extração de ouro ilegal em terras indígenas e homicídio culposo. Nenhum dos seis pedidos de prisão do empresário foi aceito pelo juiz federal criminal de Boa Vista, provavelmente porque a vara encontra-se sob influência política do governo federal.

A reportagem mostrou operações de fiscalização aérea do Ibama realizadas no ano passado na terra Yanomami. Em uma delas, uma aeronave identificada como pertencente ao candidato bolsonarista, fugiu, atravessando a fronteira para a Venezuela. Além disso, um piloto morreu em um acidente com helicóptero ocorrido a um ano dentro do garimpo, que, segundo a PF, estava trabalhando para uma organização criminosa chefiada por Rodrigo Cataratas, e por isso, ele é investigado também por homicídio culposo.

A extração de ouro ilegal na terra Yanomami tem causado danos irreparáveis aos rios que são fonte de vida para os indígenas, um dos povos mais tradicionais do Brasil e patrimônio cultural do planeta. Além disso, a atividade ameaça a própria sobrevivência da Amazônia.  “A doença que entra com os invasores, nunca sai. Não tem ninguém pra tirar essa doença”, disse o líder yanomami Davi Kopenawa, ao Fantástico.

Ju Abe 

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