Pastor negro de esquerda é eleito para o Congresso Nacional

Um dos eleitos à uma vaga para nova composição do Congresso Nacional vigente a partir de 2023 é Pastor Henrique Vieira, do PSOL, que recebeu 0,62% dos votos válidos no estado do Rio de Janeiro.

Evangélico de esquerda, Henrique é pastor da Igreja Batista do Caminho e se diz um defensor do “Estado laico, dos direitos humanos e da diversidade”. Ele começou a ganhar notoriedade por seu posicionamento político de enfrentamento à direita conservadora brasileira, que tem usurpado a causa cristã em proveito próprio. A fama maior, no entanto, chegou quando foi convidado para participar do álbum “Amarelo”, de Emicida, lançado durante a pandemia e que deu projeção meteórica à carreira do cantor paulistano, além de participação no filme “Marighella”, de Wagner Moura.

O crescimento de sua candidatura não se deu à toa: ele obteve apoio tanto de cristãos já tradicionalmente à esquerda como o escritor e teólogo Frei Beto e o filantropo Padre Julio Lancellotti, quanto de artistas como Lázaro Ramos, Maria Gadu, Bruno Gagliasso, Daniel de Oliveira, Emicida, Duda Beat e o teórico do movimento negro Silvio de Almeida.

Único representante da esquerda em meio à bancada evangélica no Congresso, ele promete ser uma voz ativa contra a própria: “Com a sociedade no geral o trabalho foi de mostrar que nem todo pastor quer transformar o país numa teocracia. Um pastor contra a bancada evangélica”, disse ele em suas redes sociais, onde também explica os motivos pelos quais considera o fundamentalismo religioso um perigo para a sociedade, principalmente à parcela feminina: “Esse fundamentalismo está ancorado em uma leitura patriarcal da bíblia, da vida e da sociedade. Isso produz ambientes, influência ações, naturaliza, legitima e estimula violências. Por isso, para enfrentar essa violência histórica contra as mulheres, é também fundamental enfrentar a leitura patriarcal da Bíblia”, diz, em vídeo.

Ju Abe

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