Coordenadora de Mulheres de Belém critica uso político de suposto abuso de crianças no Marajó

A titular da Coordenadoria de Mulheres de Belém (Combel), Lívia Noronha, criticou, através de um vídeo em suas redes sociais, a fala da ex-ministra e representante da extrema direita, Damares Alves, durante um culto em uma igreja, no último domingo, 9 de outubro.

“Assisti, com muita indignação, um vídeo da Damares cometendo o crime de, em uma plateia lotada de crianças, ter falado sobre os abusos sexuais que as crianças sofrem no Marajó, sobre o tráfico de mulheres que, infelizmente, é histórico nessa região, mas que é preciso que nós combatamos. Quando nós aqui, na Coordenadora da Mulher recebemos qualquer denúncia de violência contra a mulher, nós encaminhamos imediatamente aos órgãos necessários. Muito estranha a nós saber que uma Secretária, da Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres, sabe desses crimes e fala como se fosse banalidade. E fala isso, com riqueza de detalhes e de detalhes absurdos, para uma plateia cheia de crianças”, afirmou Noronha.

O Ministério Público Federal do Pará (MPF) e a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) , já cobraram, neste começo de semana, informações ao Ministério da Mulher, Família e dos Direitos Humanos sobre os supostos crimes sexuais cometidos contra crianças no Marajó. 

O bispo emérito da Prelazia do Marajó, Dom José Luiz Azcona, que há mais de trinta anos denuncia as mazelas sofridas pelo povo do arquipélago do Marajó, em especial às violências contra crianças e adolescentes, em entrevista ao Portal Uruá-Tapera, também falou sobre o caso.

“Não se pode afirmar que crianças marajoaras traficadas sofram o martírio de seus dentes arrancados ou que deixem livres seus intestinos com alimentos pastosos a fim de propiciar o sexo anal, isso ela não pode assegurar das crianças do Marajó que eventualmente sejam traficadas, porque de fato são traficadas. É um dado que foge – penso – a toda imaginação e me parece mais um recurso de emoção para tocar os ânimos dos ouvintes nessa celebração de culto evangélico do que dado objetivo”, disse Dom Azcona.

Lívia Noronha ainda criticou o uso político do problema social no Marajó (a violência contra as crianças) e os cortes de recursos que vêm sendo promovidos pelo governo federal, para abastecer o esquema de corrupção do orçamento secreto: “Não é possível continuar lidando com quem faz de uma pauta política, uma guerra santa, que coloca bolsonaro como se fosse messias, que vai nos salvar dos nossos problemas sociais, alguém que nunca fez isso. Alguém que por exemplo, cortou  78 milhões que seriam destinados à campanha de combate ao câncer, em pleno outubro rosa, que é o momento que nós fazemos a campanha de combate ao câncer de mama”.

 

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