Divulgação/TV Câmara
A abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), nesta terça-feira (23) foi marcada por desvios ao assunto principal, propagação de fake news e ataques ao governo, confirmando sua falta de seriedade e comprometimento com a verdade.
Com ampla maioria de parlamentares da extrema direita, a CPI viu seu principal assunto, o MST, desaparecer em vários momentos, com deputados insistindo em teorias já desmentidas e superadas, com provocações ao governo e aos sem terra.
Entre estes que desviaram o assunto para propagar as já costumeiras fake news, estava mais uma vez o paraense Éder Mauro (PL), que citou um antigo Projeto de Lei de autoria do deputado Orlando Silva (PcdoB-SP), que institui o “Estatuto das Famílias do Século 21”, e que não tem qualquer relação com o MST.
“A bancada católica e evangélica não deixou passar um projeto do senhor Orlando Silva, o PL 3369, que simplesmente autorizava e legalizava que o pai pudesse fazer sexo com a filha, a mãe com o filho e irmão com irmão”, afirmou o deputado bolsonarista, que mentiu aos seus pares, fazendo uma interpretação muito particular do Estatuto da Família do Século 21.
O texto do PL 3369 diz: “São reconhecidas como famílias todas as formas de união entre duas ou mais pessoas que para este fim se constituam e que se baseiem no amor, na socioafetividade, independentemente de consanguinidade, gênero, orientação sexual, nacionalidade, credo ou raça, incluindo seus filhos ou pessoas que assim sejam consideradas. Parágrafo único. O Poder Público proverá reconhecimento formal e garantirá todos os direitos decorrentes da constituição de famílias”.
O projeto, portanto, reconhece as diversas constituições de família, mas não legisla sobre casamento ou união estável, nem mesmo sobre a aceitação, ou não, de relação sexual entre membros de uma mesma família.
Sâmia Bomfin é silenciada pelo presidente
O presidente da CPI, deputado federal Tenente Coronel Zucco (Republicanos-RS), tentou calar a deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP), integrante da Comissão, depois que ela citou investigações autorizadas contra ele pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por suposta participação em atos antidemocráticos.
Sâmia teve o seu microfone desligado ao dar o seguinte relato referente a uma notícia que acabava de ser veiculada pelos meios de comunicação: “me inscrevi, senhoras e senhores, para dar uma notícia que acabou de sair na imprensa. Ficaram bastante incomodados com os deputados que falaram a respeito das investigações da Polícia Federal que recaem sobre o presidente, mas acabou de sair a notícia que o Moraes autoriza a Polícia Federal a retomar a investigação do presidente da CPI do MST pela participação em atos antidemocráticos, que até agora o senhor estava dizendo que era mentira”, falava, enquanto teve o áudio do microfone cortado.
Com informações de Brasil de Fato. Edição de Ju Abe.