Candidato a suplente de senador paraense é apontado como um dos financiadores dos atos golpistas

Pecuarista com interesse no garimpo, Enrice Laureano foi indiciado por vaquinha para atos golpistas. (Foto: Instagram) 

De onde saiu o dinheiro? Entre os 61 nomes sugeridos para indiciamento pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI dos Atos Golpistas, 16 estão no grupo dos financiadores. Entre eles, o site De Olho nos Ruralistas constatou que 13 são fazendeiros, em boa parte ligados a grupos de poder do agronegócio: quatro líderes nacionais regionais da Aprosoja, entre elas as principais, a Aprosoja Brasil e Aprosoja Mato Grosso, e outros representantes de sindicatos rurais e outras associações setoriais.

Os produtores de soja são acusados de dar suporte logístico e financeiro para as manifestações que tentaram reverter o resultado das eleições presidenciais de 2022, segundo o Relatório Final apresentado pela senadora Eliziane Gama. A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) identificou fazendeiros que vinham se organizando, pelo menos desde 2019, a fim de consolidar um movimento do agronegócio em apoio ao então presidente Jair Bolsonaro.

Sob a liderança de Antônio Galvan, presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja), o Movimento Brasil Verde e Amarelo (MBVA) foi apontado como responsável por duas das frentes de deslegitimação do resultado eleitoral em 2022: os bloqueios rodoviários e o deslocamento de caminhões em comboio com destino ao Quartel General do Exército em Brasília. Entre os líderes indiciados estão Galvan, três presidentes e vice-presidentes estaduais da Aprosoja.

CANDIDATO A SUPLENTE DE SENADOR, PECUARISTA INDICIADO TEM INTERESSE NO GARIMPO

De Xinguara, no sul do estado do Pará, Enric Juvenal da Costa Lauriano também foi indiciado por atuar como financiador dos atos golpistas. Apontado pelo relatório como um dos principais articuladores do PL nº 191 de 2020, que trata da mineração em terras indígenas, Enric Lauriano foi candidato a suplente de senador na chapa de Flexa Ribeiro (PP-PA) em 2022. Dois anos antes, ele tinha tentado a Prefeitura de Xinguara pelo PSL. Ligado ao garimpo, o empresário teve no ano passado uma retroescavadeira em seu nome apreendida dentro da Terra Indígena Kayapó.

Ao lado de Ricardo Pereira Cunha, que também possui empresas de mineração na região, e Mauriro Soares de Jesus, Enric Juvenal foi indiciado por organizar uma vaquinha para angariar recursos para os atos golpistas em Brasília, através da empresa de informática USA Brasil, registrada em nome de Mauriro. Todos os envolvidos são membros do movimento Direita Xinguara. Filho de um influente pecuarista da região, Enric Lauriano possui 2.203 hectares de pastagem registrados junto ao Cadastro Ambiental Rural (CAR).

Enric Juvenal se aventura no garimpo ilegal e na política, mas o poder herdado da família vem mesmo da pecuária. O indiciado é filho de Onício Lauriano, pecuarista que segundo a Repórter Brasil possui fazendas em pelo menos três municípios do sul do Pará. Onício foi o principal financiador de campanha do deputado federal bolsonarista Delegado Caveira (PL-PA), que tem destinado seu mandato parlamentar a criticar a demarcação de terras indígenas e defender pecuaristas e garimpeiros instalados dentro dos limites de áreas de preservação.

Texto e imagens do site De Olho nos Ruralistas.

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