Um governo que não age nem reage. Assiste atônito ao colapso dos principais indicadores

por Fernando Carneiro (*)

Que indicadores você quer escolher para analisar a situação do Pará? Na saúde recebemos em 2009, via SUS, R$ 681 milhões de reais. Considerando uma população de 7,4 milhões de habitantes, teremos uma média de 93,00 reais por pessoa ao ano. Simplesmente o pior valor per capita do Brasil. Em assistência farmacêutica recebeu R$ 51 milhões, ou R$ 7,00 (isso mesmo – sete reais) por pessoa ao ano, aqui também a pior proporção nacional. Do repasse do FUNDEB foram R$ 2,8 bilhões, ou R$ 387,00 per capita ao ano, a pior média da região norte. Quer mais? O estado que mais desmata a floresta. O estado que mais tem trabalhadores escravizados. O estado que tem o maior número de mortes no campo em razão de conflitos agrários. Mais? Segundo dados oficiais 2,1 milhões de pessoas vivendo abaixo da linha de pobreza. Além disso são 700 mil analfabetos vivendo num estado que viu nos últimos dez anos a violência aumentar em 195% e passar de 20º para 7º estado mais violento do Brasil.
Na contramão desses números vimos o Pará alcançar o 2º maior saldo da balança comercial, ficando atrás apenas de Minas Gerais. Em 2009 foram nada menos que 7,5 bilhões de dólares. Uma fortuna que não vemos e que não se reverte em políticas públicas para melhorar a vida do povo de nosso estado. O governo, enquanto isso, gasta dinheiro público para propagandear a ALPA, siderúrgica que a Vale vai construir em Marabá.
Estado rico, povo pobre, governo inepto. A anunciada mudança não veio. Em seu lugar a decepção, a desesperança. O mais recente capítulo dessa novelesca tragédia é o resultado do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de 2009. Mais uma vez estamos no último lugar na educação básica nacional e em penúltimo no ensino médio (na frente apenas do Piauí). De uma nota de zero a dez ficamos com 3,6 no ensino básico e 3,0 no ensino médio. Uma pergunta se impõe: qual a política do governo para a educação? Resposta: nenhuma. O governo não age nem reage, apenas sofre e faz sofrer nosso povo. Mas, talvez pior que isso seja ouvir declarações oficiais da Secretaria de Educação (SEDUC) se regozijando com estes números, dizendo que houve uma “superação das metas estabelecidas”!
Se os indicadores educacionais estão no chão, que futuro esperar para nossos filhos e nossas crianças? De que adianta propalar a instalação de grandes empreendimentos se não temos qualificação para ocupar os possíveis empregos gerados? Basta! Precisamos de políticas públicas eficazes e para isso precisamos mudar esse governo, inepto e inerte.

Fernando Carneiro é candidato do PSOL ao governo do Pará

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