
Desde a noite do último domingo, 25, quando a pequena maranhense Rayssa Leal, conhecida como “Fadinha”, de apenas 13 anos, entrou para a história como a medalhista brasileira mais jovem em uma Olimpíada, o país descobriu o encanto do skate.
Até pouco tempo, o esporte, estreante em Olimpíadas, era marginalizado. Mas o “boom” de Rayssa e Kelvin Hoefler, paulista que conquistou a primeira medalha brasileira em Tóquio (bronze), fez o skate ganhar o respeito e visibilidade, inspirando crianças e jovens a seguirem o mesmo caminho.
Realidade local – Em Belém, os praticantes do skate sentem a falta de uma pista adequada para a prática do esporte. Inaugurada na primeira gestão do prefeito Edmilson Rodrigues, o Skate Park, na Avenida Duque de Caxias, era frequentado diariamente por dezenas de skatistas. Mas durante a reforma da avenida, realizada pela gestão de Duciomar Costa, a pista foi destruída.
Hoje, Belém tem como algumas de suas principais pistas, a do Conjunto Marex, a “Dorothy Stang”, no bairro da Sacramenta, e os Skate Parks em Icoaraci e na Ilha de Mosqueiro. Mas nenhuma delas contempla a modalidade de forma ampla. As pistas pecam em detalhes técnicos, pois foram construídas sem uma devida comunicação com os praticantes da modalidade.
A Secretaria Municipal de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel) comemora as conquistas brasileiras sobre as rodinhas no Japão. “Tomara que o ‘hype’ alcançado por esse esporte nas Olimpíadas não seja passageiro, isso é fundamental”, destaca Matheus Dias, coordenador de Juventude da Sejel.
Para que o skate possa dar asas aos sonhos de atletas no município, a Sejel reforça um dos compromissos de campanha do prefeito Edmilson Rodrigues: o incentivo e democratização do skate. O órgão irá fazer um levantamento técnico para solicitar melhorias nas pistas de skate já existentes. Além disso, existe a ideia da construção de uma nova pista.
“Queremos garantir uma pista que contemple todas as modalidades. Para isso, estamos em diálogo constante com a Federação e associações de diversos bairros, sobretudo os periféricos. Porque entendemos o skate não só como esporte, mas como um meio de emancipação do jovem”, pontua o coordenador de Juventude da Sejel.
Como heróis da resistência, os praticantes de skate em Belém se adaptam à realidade. Ocupando as praças, construindo os próprios obstáculos, ou usando escadas e bancos. Esse é o chamado skate “raiz”. Mas os skatistas reconhecem a importância de um local devidamente estruturado.
“Eu entendo que com o desenvolvimento e profissionalização do esporte, esses equipamentos proporcionem a evolução dos atletas e a descoberta de talentos. A Rayssa Leal, inclusive, começou a andar de skate porque morava próxima a uma pista.
Vejo a gestão atual da Sejel com disposição em fomentar o esporte, criando canais de comunicação direta com a comunidade”, destaca Raoni Morasche, conselheiro da Associação de Skate do Guamá (ASG), que construiu uma pista no bairro de forma colaborativa. Dessa pista, já surgiram talentos como Clabson Ramires, campeão paraense de skate em 2020. Clabson integra o Tucunduba Skate Time, criado pela ASG.
Mestre 70 – Depois de resistir ao abandono das gestões anteriores, o Espaço Esportivo e Cultural Mestre 70, administrado pela Sejel, no Guamá, ganhou novo fôlego. O local proporciona oficinas de artesanato e treinos de futsal às crianças e mulheres do bairro. Desde o mês de junho, deste ano, atendendo a um pedido da Federação de Skate, a quadra poliesportiva do Mestre 70 também vem acolhendo alguns praticantes da modalidade durante as noites de quinta-feira.
“O skate chegou como uma oportunidade diferenciada de agregar a juventude da região, carente de espaços adequados e seguros. Apesar do espaço não contar com a infraestrutura de obstáculos propícios à atividade, por se tratar de uma quadra poliesportiva, pudemos oportunizar que o grupo trouxesse seu material, guardasse no espaço e tivesse acolhimento para praticar o esporte, inclusive com planos de ampliar o atendimento a futuros projetos para atender à comunidade”, revela Amanda Pombo, coordenadora do Mestre 70.
Texto: Syanne Neno – Agência Belém