Lula reafirmou seu compromisso em reabrir o Ministério da Cultura, extinto pelo governo Bolsonaro
Brasil de Fato- Ao som de orquestras, da rabeca e tambores, centenas de artistas e fazedores da cultura popular de Pernambuco se reuniram no Teatro do Parque, no Recife, para o encontro “Vamos Juntos pela Cultura” na manhã desta quinta (21) com o presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva (PT), seu vice, Geraldo Alckimin (PSDB), além dos pré-candidatos ao governo e senado Danilo Cabral (PSB) e Teresa Leitão (PT).
O evento faz parte da programação oficial do ex-presidente em seu estado natal, onde cumpre agenda desde quarta (20) e já passou por Serra Talhada, no sertão do Pajeú, e Garanhuns no Agreste Meridional. Hoje (21) as atividades se concentram na capital.
O evento teve falas de artistas de diferentes ramos da cultura, além de dirigentes do PT como Márcio Tavares, Secretário Nacional de Cultura do partido, que afirmou a importância da criação de uma estrutura de gestão nacional para políticas culturais nos governos petistas. “O Ministério da Cultura passou a formular uma ideia de Sistema Nacional de Cultura, porque a cultura é direito de todos. Ela precisa ter vida, como o SUS, através de uma estrutura de gestão que funcione em cada canto do Brasil”.
A rapper e poetisa Bione é uma das mais jovens novidades da cultura pernambucana e também esteve no evento. Ela reivindicou a necessidade políticas culturais nas periferias. “Eu estou aqui para lembrar a todos, para lembrar ao futuro presidente do Brasil, país que anda tão desgovernado, que a educação salva vidas, a arte salva vidas e que a juventude preta e favelada nesse país precisa ser priorizada e oportunizada”.
O presidenciável também foi presenteado pelos organizadores do bloco “Eu Acho É Pouco” com camisetas e materiais do bloco temáticos de apoio à candidatura Lula. Com 46 anos de história, o bloco tem uma tradição na defesa de pautas progressistas e democráticas no carnaval de Olinda.
Refundação do Ministério da Cultura
Kleber Mendonça Filho comemorou a recente reabertura do Teatro do Parque e propôs que, caso eleito, Lula refunde o minC em 1º de janeiro de 2023, em contraposição ao governo Bolsonaro, que extinguiu o ministério em 1º de janeiro de 2019, no seu primeiro ato como presidente. Kleber falou das suas expectativas caso Lula seja eleito. “Eu espero que, daqui a muito pouco tempo, a cultura volte a ser tratada como o tesouro brasileiro que ela é e que o novo governo volte a enxergar artistas, trabalhadoras e trabalhadores da cultura como os grandes colaboradores do Brasil cidadão que são”.
O potencial da cultura como uma grande aliada no combate ao racismo foi relembrada pela ialorixá e mestra da cultura popular Mãe Beth de Oxum. “A gente precisa retomar o nosso ministério da cultura, a Fundação Cultural Palmares, a Ancine, o IBRAM, o IPHAN, com técnicos que reconheçam que o racismo é a pior mazela que a humanidade produziu. A gente precisa ter de volta essas instituições e os pontos de cultura que foram o maior programa de cidadania cultural que existiu nesse pais”, afirma Beth.
Fred Zero Quatro, cantor e compositor, cantou versos da canção “Baile Infectado”, onde critica a inação do governo Bolsonaro diante da pandemia e relembrou os dias em que esteve na Vigília Lula Livre em Curitiba (PR), quando Lula esteve preso. Ele, que se apresenta na noite desta quinta (21) no Festival Internacional de Garanhuns, onde Lula esteve na quarta (20), prometeu que “o show hoje em Garanhuns será uma grande celebração”.
Cultura fora do eixo Rio-São Paulo
Após ouvirem o Maestro Forró e a Orquestra Popular da Bomba do Hemetério, Lula brincou com o vice Alckmin e o ex-ministro Aloísio Mercadante, ambos paulistas, de que a ida a Pernambuco é uma “Universidade ensinando coisas que eles ainda não tinham aprendido”. O pernambucano falou também do frevo: “Se tem uma coisa que eu morria de inveja é que eu queria levar o frevo para Brasília. Quando eu recebesse o Hu Jintao da China, o cônsul dos Estados Unidos, eu queria que eles vissem o frevo. Eles pensam que o jazz é bom? O jazz é bom, mas vamos ver o frevo brasileiro!”, arrancando palmas do público.
O tom do discurso foi o da necessidade do Estado visualizar a cultura feita fora do sudeste como cultura nacional e sua viabilidade como atividade econômica. Lula criticou a centralização da gestão das políticas da área: “Tem uma meia dúzia de pessoas que, às vezes, toma de conta de todo o espetáculo, a cultura é muito dominada no eixo Rio-São Paulo, é uma coisa muito ligada às TV’s mais poderosas e isso me incomodava, porque o Brasil cultural não é o Brasil da novela das 8”.
Lula em ato com a cultura de Pernambuco https://t.co/uKcZojDAqr
— Lula (@LulaOficial) July 21, 2022
Por Brasil de Fato Pernambuco.
Edição Elen Carvalho