Pessoas em situação de rua aprendem Panificação em curso viabilizado pela Prefeitura de Belém

A Prefeitura de Belém realiza o curso de Panificação para 20 pessoas em condição de extrema vulnerabilidade, atendidas pelo Centro Pop, espaço da Fundação Papa João XXIII (Funpapa) especializado no atendimento de pessoas em situação de rua, tais como famílias de estrangeiros que chegam à capital paraense em busca de melhoria de vida e pessoas com dependência química, que perderam os laços familiares, dentre os quais estão pessoas abrigadas pela Prefeitura.

O curso é oferecido por meio do programa de qualificação profissional Donas de Si, operacionalizado pelo Banco do Povo. A jornada de 40 horas-aula foi iniciada na segunda-feira, 15, e ocorrem de forma intensiva, de manhã e à tarde, para serem finalizadas na próxima sexta-feira, 19, no Centro Pop.

Esperança

O pernambucano que se identificou apenas como Charles, de 43 anos, conta que está há 29 dias morando na rua após passar oito anos em Belém, com histórico de dependência química. “Sou motorista de carreta, ex-militar, trabalhei com transporte de valores. Infelizmente, caí no rebite e outras drogas. A minha companheira me deixou, fui para a rua e tive que catar sobras no lixo para comer. Foi um descuido que me levou para o fundo do poço”, conta emocionado. Ele comemora estar “limpo” há 19 dias e sendo encaminhado para atendimento especializado de dependentes de álcool e drogas no Centro de Atenção Psicosocial AD (Caps AD). “Eu gosto de cozinhar, mas não sabia fazer pão. Espero colocar um comércio informal, vender na rua até levantar o dinheiro da minha passagem para voltar ao Recife”.

Messias Amorim, de 48 anos, conta que já morou na antiga “Toca do Morcego”, galeria na orla de Belém, sob o piso do Ver-o-Peso, que se enchia com a maré e onde se escondiam os ladrões da área após praticar roubos. “Agradeço a Deus porque fiquei muitos anos sem força para sair das drogas. Fui preso. Passei por vários centros de recuperação. Já estou sem usar (droga) há dois anos. Estou no Centro Pop e no abrigo Camar, recebo auxílio e consigo ajudar a minha mãe a comprar remédios, voltei para a escola para cursar o 5º e 6º ano e, agora, estou aprendendo panificação. Quero recomeçar, trabalhar e pagar um aluguel pra mim”.

Oportunidade de mudança de vida

Na manhã desta terça-feira, 16, a coordenadora-geral do Banco do Povo, Georgina Galvão, visitou a turma. Ela ressaltou que o curso é uma oportunidade de mudança de vida. O Banco contratou o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), que possui instrutores muito qualificados, para ministrar cursos de qualidade e com validade nacional, que costumam ser valorizados no mercado de trabalho. “Vocês poderão tentar um emprego ou iniciar o próprio empreedimento, se esse for o desejo de vocês”.

A instrutora Cristiane Damasceno, do Senar, disse que ficou “surpresa com as habilidades e a vontade de aprender demonstradas pelos alunos”, apontou. Os alunos estão aprendendo a fazer vários tipos de pães, biscoitos, bolos e tortas. “Eles têm muita força de vontade para mudar a situação deles”.

Interesse – A coordenadora do Centro Pop, Heloísa Ribeiro, observou que “vê o interesse dos alunos em mudar de vida”. No Centro Pop as pessoas em situação de rua podem tomar banho, receber refeições (fornecidas pelo Restaurante Popular, administrado pelo Banco do Povo) e receber serviços, como emissão de documentos e acesso a serviços, como auxílio assistencial e atendimento de saúde.

“Uma atividade como essa os tira das ruas. Eles percebem que tem uma atividade que os valoriza, enquanto seres humanos, e que pode ser uma ‘mudança de chave’ para eles. É preciso que eles queiram sair da situação e se reinserir na sociedade. O nosso papel é ajudá-los a construir um projeto de vida”, afirma Heloísa.

Via Agência Belém

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